segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ne te retourne pas

Ne te retourne pas (Não retorne) é um filme francês super diferente, dirigido por uma mulher, Marina de Van, narra a história de uma escritora com crise de identidade e conflitos psicológicos. Os efeitos desse filme são muito interessantes.
Vou resumir mais ou menos o problema da protagonista: Sabe quando você já não mais se reconhece, não reconhece as pessoas à sua volta, você olha para sua casa e estranha a decoração, a disposição dos móveis. De repente você cai em si e fica embasbacado com o rumo que tomou sua vida e entra em paranoia. Ela tenta reconstruir o passado, busca alguma lacuna perdida durante a infância, talvez ela tenha dupla personalidade, não sabe se é a  femme française Sophie Marceau ou a ragazza italiana Monica Bellucci, pelo menos nas duas caras ela era bonita rsrsr. O interessante é que no filme ela se transfigurava, fica com metade da cara de cada uma das atrizes, o marido e os filhos ficavam com cara de personagens de video-games, desenho gráfico, dá a impressão que ela vivia em um jogo, tipo o "Second life", as coisas pareciam irreais. Outra parte interessante é quando ela vai à Italia pesquisar seu passado, ela chega na casa da suposta mãe e começa a se deformar, a mancar, a diminuir e ficar torta, meio "Alice no país das maravilhas". Há cenas intensas, uma perturbação, de uma certa forma você entra naquela cabeça maluca dela e se perde.
O filme é muito bom, as atrizes estão ótimas, vale a pena ver!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Questionários de Pivot e Proust

Adoro o programa "Inside the Actors Studio", apresentado pelo James Lipton e no final do programa ele faz as 10 perguntas criadas por outro apresentador francês, Bernard Pivot, que são as seguintes:

- Qual sua palavra preferida?  
Amour [em francês é mais delicado, mon amour é tudo de fofo!]
- E a palavra que menos gosta?
escarro
- Qual o seu som ou barulho favorito?
bebê dando risada
- Qual o som ou barulho que menos gosta?
buzina
- Qual seu palavrão predileto?  
son of a bitch [em inglês mesmo, tem mais entonação]
- O que o excita?
chocolate
- O que o repugna?
Gente grossa
- Qual profissão gostaria de exercer se não tivesse a sua?
Quem disse que eu queria a minha? Se arrependimento matasse, estaria mortinha. Eu queria ser apresentadora do "Mochileiros" no Discovery Travel.
- Qual a profissão não gostaria de exercer jamais?
Guarda de trânsito, ficar apitando que nem um retardado no meio da rua ou multando deve ser humilhante, repugnante e todos outros adjetivos terminados em -ante
- Se o céu existe, o que gostaria que Deus lhe dissesse ao lhe encontrar?
o que o estagiário gringo fala: Crazy Ana. Acho que Deus vai me contar a verdade, vai dizer: o médico jogou o bebê fora e sua mãe criou a placenta, vc não se encaixa na minha criação

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Agora o questionário c/ 29 perguntas do escritor francês Marcel Proust (Por quê os franceses gostam tanto de fazer perguntas?)

1. Qual é sua maior qualidade?
ser linda, rica e modesta ahuahauha
2. E seu maior defeito?
Digam-me porque eu mesma não sei, rsrs É um segredo que quero levar para o túmulo.
3. A coisa mais importante em um homem?
Qdo é fofo,sabe cuidar e dá vontade de cantar a música de Adriana Calcanhoto, cantada por Maria Bethânia:
Depois de ter você
Pra que querer saber
Que horas são?

Se é noite ou faz calor
Se estamos no verão
Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve
Uma canção como essa?

Depois de ter você
Poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas
Pra que amendoeiras pelas ruas?
Para que servem as ruas?
Depois de ter você...
4. E em uma mulher?
mulher é ser uma deusa, é o ser mais poderoso da criação ou da evolução

5. O que você mais aprecia nos seus amigos?
Graças ao meu bom Deus, faço questão de estar próxima de pessoas que acrescentam algo de novo na minha vida, sou como Darwin, faço "seleção natural". Eles são divididos em classes: os que me fazem rir, só falam besteiras, esses são bons para o happy hour de sexta à noite. Os nerds que te ensinam tudo sobre informática e de aparelhinhos high tech. O undergrounds que sabem tudo de filmes alternativos e até música dos aborígenes. Os Fflchentos que sabem tudo de literatura, idiomas e filosofia. Os profissas que sabem todas as teorias da administração. Os hiponcondríacos que sempre indicam médicos bons. As patricinhas que sabem tudo de cremes, cabelereiros e outras frescurites de mulher.

6. Sua atividade favorita é...
blogar, costurar, esmaltar, cuidar, não necessariamente nessa ordem

7. Qual é sua idéia de felicidade?
Faço das palavras de Tom Jobim as minhas:
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira

8. E o que seria a maior das tragédias?
Gente eu sou pior que Shakespeare para tragédias, qualquer probleminha para mim é o fim do mundo, saca?
Viver é trágico, olha esse mundo e veja quanta coisa feia! Aí, como bons atores, a gente finge que tá tudo bem e transforma em uma comédia.

9. Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
Gisele Bundchen: linda, loira, magra e rica, tudo isso sem precisar estudar. Eu que não paro de estudar nunca, vou morrer no anonimato e pobre.
10.E onde gostaria de viver?Saint Tropez ou Cannes, na França
11.Qual sua cor favorita? vermelho, preto e branco (tricolor)
12.Sua flor? Tulipa
13.Um pássaro? beija-flor
14.Seus autores preferidos? são muitos
15.E os poetas de que mais gosta? Fernando Pessoa, Baudelaire, Florbela Espanca, de preferência os pessimistas que morreram de tuberculose, cirrose, loucos...
16.Quem são seus heróis de ficção? eu sempre torço para o antagonista, odeio o herói, sou fã do Coringa.
17.E as heroínas? Isso é droga! Dizem que faz mal para saúde e pode pegar cana
18.Seu compositor favorito é... Chico Buarque e Serge Gainsbourg
19.E os artistas que você mais curte? Quer que eu separe por continente? Artistas de quê? Teatro, cinema, televisão, artes plásticas, danças. Pago pau pra tanta gente....
20.Quem são suas heroínas na vida real? Aquela mulheres que levantam às 5 da matina, pegam trem-ônibus-metrô, trabalham muito para ganhar pouco, voltam para casa, trabalham de novo....
21.E quem são seus heróis? homens como o meu pai
22.Qual é sua palavra favorita? já falei no 1º quiz
23.O que você mais detesta? policia e político
24.Quais são os personagens históricos que você mais despreza? todos os ditadores e religiosos
25.Quais os dons da Natureza que você gostaria de possuir? ficar invisível às vezes...
26.Como você gostaria de morrer? como a Virginia Woolf
27.Agora, já, como você está se sentindo? com um pouco de enxaqueca
28.Que defeito é mais fácil perdoar? Cada caso é um caso, depende da pessoa, da situação...
29.Qual é o lema da sua vida? Que se foda o amanhã!

Alguma pergunta?

sábado, 8 de maio de 2010

Budapeste - Chico Buarque

Ano passado o pessoal do grupo de cinema foi ver o filme "Budapeste" que é baseado no livro do Chico Buarque, eu não pude ir porque tinha algum compromisso, mas as opiniões foram tão opostas que até estranhei, uns amaram o filme de paixão e os outros odiaram, para eu ter minha própria opinião, coloquei o livro na minha lista do desafio literário.

Quanto ao livro: tem 176 págs e é bem facinho de ler, mas prefiro o Chico compositor e cantor, deve ser o costume (Que heresia!). Não que na literatura ele seja ruim, longe disso, a leitura é deliciosa, mas ele é perfeito na música. Ainda continuo chicólatra e o que ele fizer tera meu apoio.
"Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira". 
"húngaro, única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita". 

José Costa, um ghost writer, divido entre o Rio e Budapeste, entre Vanda e Kriska, entre o português e o húngaro. No Rio tem as praias, as mulheres morenas e lindas, como Vanda, morena dos cabelos enrolados, mãe de seu filho gordo, com problema de fala. Em Budapeste, a branquíssima Kriska, sua profa de húngaro que tem um filho também.
A grande questão é: Quem é Costa? O cara escondido atrás do alemão Kaspar Kraabe que se apaixonou por Teresa, a morena que eles escrevia seu livro na pele dela, até ela abandoná-lo por um cozinheiro suiço? Ou seria Kocsis Ferenc, o poeta húngaro? Em português ele nunca escreveu um verso, mas em húngaro, escreveu poesia. Era o Costa, trabalhando em um escritório no Rio, sendo capacho de Álvaro? Ou seria o Zsoze Kósta? Era tantos e não era ninguém, apenas um fantasma com crise de identidade.

O filme
O filme é 10, tive preconceito porque no trailer vi muita carne feminina, achei que fosse apelação, mas o livro também é bem sensual,cheio de latinidade, tem a musa, as prostitutas, as mulheres de Costa. No livro ele fala que Budapeste é amarela, no filme quando mostra Budapeste, é meio amarelada mesmo. O filme foi super fiel ao livro, a atuação do ator Leonardo Medeiros está maravilhosa, a Giovana Antonelli é descrição de Vanda no livro, só a Kriska que não era tão branca como descrita, a direção é impecável. Quem não gosta do filme, não vai gostar do livro e vice-versa.

Sensação de dejà vu (eu já vi): 
Outro filme que mostra mudança de comportamento em outro país é o "Double vie de Veronique", do Kieslowski, que a personagem se divide entre Polônia e França.
Um filme, que também foi baseado em um livro e que mostra essa ideia de escrever o livro no corpo do amado é o "Livro de Cabeceira", de Peter Greenway
Filme sobre ghost writer, "Roman de gare", do francês Claude Lelouch

Chico, ne me quitte pas seule, me liga!!!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um signo, uma mulher - Vinícius de Moraes


Trata-se da edição em livro, datada de setembro de 1975, composta e impressa em Buenos Aires, de doze pequenos poemas, cada um deles intitulado e escrito a partir de um dos signos do zodíaco, com as características amorosas da mulher de cada signo, à maneira de horóscopo. Os poemas haviam sido originalmente publicados, sob encomenda, no primeiro número da Revista Manchete de 1971, como presente de Ano Novo aos leitores.
Vou postar o que Vinícius disse sobre meu signo:

As mulheres sagitarianas
São abnegadas e bacanas
Mas não lhe venham com grossuras
Nem injustiças ou censuras
Porque ela custa mas se esquenta
E pode ser muito violenta.
Aí, o homem que se cuide...
Também, quem gosta de censura!  

Se você quiser ver o seu signo, pode baixar o livro aqui, faz parte do acervo digital da Biblioteca Brasiliana da USP,  lá você encontra muitas obras digitalizadas, totalmente free.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O ciclista



É um filme do diretor iraninano Mohsen Makhmalbaf, eu quis muito assistir a este filme depois que assisti Close up, do Abbas Kiarostami, em que o personagem principal adorava esse filme, pois mudou a vida dele. Eu, particularmente adoro quando um filme te indica outro filme. Isso já aconteceu quando assisti Vivre sa vie, de Godard,  a personagem da Anna Karina foi ao cinema assistir o filme "A paixão de Joana d'Arc", aí fui à caça dele também.
Voltando ao ciclista, é um filme triste, porém poético. Um homem, imigrante afegão, está com sua esposa doente, sem emprego, com um filho, precisa colocá-la em um hospital, mas não tem dinheiro, a única coisa que ele conseguiu foi participar de um freak show, ficar pedalando durante uma semana, sem descer da bicicleta, sem dormir, o coitado topava tudo por dinheiro. É tão difícil sobreviver como imigrante, ser um peregrino em terra estranha, ainda ter que passar por toda espécie de infortúnios, privações e humilhações.
Pedalando, de repente ele começa a sentir sono, coloca palito no olho para não fechar, o olho fica vermelho, o filho começa a dar tapas na cara dele para despertá-lo, outros jogam água, a imprensa sensacionalista chega. É uma reflexão de até que ponto nos humilhamos para manter a unidade familiar, o que fazemos para sobreviver, parece que o ser humano tem prazer em ver a desgraça do próximo, é a ridicularização da espécie. Ver aquele homem tentando vencer, enquanto sua esposa tenta se curar, o médico disse que ela é uma coleção de doenças, quando pagam a diária, ela recebe o medicamento, quando não pagam, ela fica agonizando.
Os filmes iranianos, além de mostrar a miséria social, falam muito sobre o comportamento humano que de uma certa forma, você se identifica por ser um tema universal.

sábado, 1 de maio de 2010

Tartarugas podem voar



Às vezes me pergunto, será que o inferno é aqui e a gente não sabe?

Na mostra "Fronteiras", do Cinusp, passou o filme "Tartarugas podem voar", sobre um campo de refugiados curdos, no Iraque, crianças que trabalham desativando minas e vendendo no mercado negro para sobreviver, a maioria delas já essão mutiladas por causa das minas, perderam suas famílias e estão à mercê do acaso.
A história dos curdos é muito triste, é um povo sem nação, a área que eles reinvidicam como terra, é muito rica, tem petróleo, como sabemos, será impossível de eles conquistarem, então eles vivem entre o Afeganistão, Irã e Iraque e sofrem todos os tipos de abusos, de todos os crimes contra a humanidade eles já foram vítimas.
A menina com aproximadamente 12 anos foi estuprada pelo exército de Sadam e teve um filho cego que ela odeia.
O menino cego deve ter uns dois anos, não teve uma vez que ele aparecia e eu não chorava que nem uma louca.
Tem também o menino sem braço, ele tem previsões, tanto que as pessoas acreditam mais nele do que na notícia que passa na TV, ele ajuda a menina cuidar do menino cego, todos na aldeia acham que os três são irmãos.
Outro menino é o "Satellite", uma criança que já é um líder, ele monta as parabólicas para as pessoas terem acesso à TV, troca mina por armas e é respeitado até pelos velhos, sabe umas palavras em inglês e as pessoas acham que ele pode comunicar com os soldados americanos.
É um filme muito triste, chorei rios e entrei em depressão, às vezes quando lembro do ceguinho eu choro sozinha. O pior é ver que ninguém faz nada por elas, são apenas crianças...

Anna e eu

É bom ter nome pop,  a chance de ter músicas com esse nome é bem grande. Hoje para o marcador "Letra de Música", vou colocar Lenine, pela 3ª vez já. Há muitas músicas que tem Ana na letra, umas legais, outras nem tanto. a Ana, da banda mexicana "Maná" é o limite da tristeza, poderia servir de roteiro para um dramalhão da Televisa. A  "Ana de Amsterdam", do Chico Buarque é uma moça da vida e da pá virada, ele uniu todas as rimas pejorativas "Da cama, da cana, fulana, sacana...", pega leve, Chico! Eu gosto de vc e tenho ciúmes que a música para Bárbara, Rita e todas as outras mulheres são melhores que a Ana, vc poderia me amar um pouquinho.
Ana's song, do Silverchair: Ana é uma forma de chamar a anorexia na gringa, o vocalista sofria dessa doença e fez a música.
Ana, da banda americana "Pixies", parece musica de surfista, fala, fala e não fala nada: "Ela é minha favorita, tirando a roupa ao sol, voltando para o mar, esquecendo todo mundo, eleven high (não conheço essa expressão, não sei o que querem dizer c/ isso), pegando uma onda". Parece que fizeram música p/ twitter, 144 caracteres rsrs.
"She's my fave
Undressing in the sun
Return to sea - bye
Forgetting everyone
Eleven high
Ride a wave"
 As enjoadas: tenho horror! quer ser amigo(a) nunca cante perto de mim "Refrão de bolero", dos Engenheiros do Hawai, a maldita "Ana, seus lábios são labirintos...." É trauma de infância, mania que o povo tem de te associar com música brega, deve ser a que mais ouvi na minha vida e peguei ódio de todos que cantaram.
Ana Julia, do Los hermanos. Se mata quem canta essa chatice, haja saco para aguentar uma banda de um sucesso só.
As bonitinhas: Tem a Ana, da Ana Cañas "A Ana é azeda, mas é doce quando é doce....", Ana e o Mar, do Teatro Mágico e por último, a mais lindinha de todas, "Anna e eu", do Lenine, com letra e vídeo, adorei o berimbau no inicio.

Andei pra chegar tão longe
Daqui de longe eu olhei pra tras
E foi como ver distante
Eu atravessando os meus temporais
Ouvi Anna me chamando
Disse se eu não fosse eu não ia mais
Eu vi o que a gente fez pra chegar aqui
E o que a gente faz
Eu e Anna
Anna e eu
Sonhei muito diferente
Eu bati de frente, corri atrás
E foi como se eu soubesse
Inverter o tempo e arriscar bem mais
Eu vi que era o meu destino
Eu me vi menino
Em outros que fiz, andei pra chegar mais longe
E de lá de longe me ver feliz
Andei pra valer a pena
Olhei pra trás pro que é meu
Nosso passado me acena pelo que foi já valeu.