terça-feira, 27 de julho de 2010

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

Eu conheço gente que odeia esse filme, preferem mil vezes os filmes em que o Jim Carrey fica fazendo caretas e tonterías, mas eu que estou sempre remando contra a maré, todas as vezes que passa na TV eu assisto ou coloco no DVD para relembrar as falas. (Sim, já até decorei algumas!).
O Joel é super na dele, é introvertido, não busca chamar a atenção, como ele próprio diz: Porque eu sempre apaixono por qualquer mulher que me dá o mínimo de atenção?
Já a mutante Clementine (Kate Winslet), sempre mudando a cor do cabelo, laranja, azul, verde, vermelho, toda espevitada, gosta de fazer piquenique à noite na neve. As cenas do lago congelado são lindas!
Estou acompanhando muito a carreira da Kate Winslet, já falei dela em "Romances e cigarros", "O Leitor", também vi outros que adorei, talvez fale mais para frente como: Contos proibidos do Marquês de Sade, Pecados Íntimos, Foi apenas um sonho, Razão e Sensibilidade e por aí vai. Acho que ela escolhe muito bem os papéis.
Clementine decide ir a um consultório de um homem que apaga lembranças e esquece completamente Joel, Joel não suportando a indiferença de Clementine, faz o mesmo. Aí nasce a dúvida, se você esquece alguém, mas continua convivendo com ela, como foi o caso da Mary (Kirsten Dunst), a probabilidade é muito grande de você se apaixonar por ela novamente, mesmo que ela foi apagada da memória, já que a sua essências e seu gosto não mudam. A história da Mary é muito interessante, ela adora citações, tais como:

"Feliz é o destino do inocente,
Esquecido pelo mundo que ele esqueceu
Brilho eterno de uma mente sem lembranças!"
[Alexander Pope] 

"Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos." [Nietzsche]

Eu pensando aqui com meus botões, se fôssemos capazes de apagar algo de nossa memória, conseguiríamos apagar mesmo? Acho que não. Alguém da família ou amigo iria mencionar, acharíamos uma foto, uma carta, o choque ia ser maior que a dor da lembrança. O fato de não lembrar não garante que você não vá cometer os mesmos atos, porque independente do que acontece, não perdemos a nossa essência, os nossos gostos, as nossas manias, as nossas crenças e a capacidade de se apaixonar pelo mesmo indivíduo, há aquela ideia de que o outro dificilmente pode ser substituído, por mais que você tenta esquecê-lo, vai sempre procurar alguém com características parecidas, vai  fazer os mesmos programas, etc.
Agora me diz, como tem gente que não consegue gostar desse filme? Tá, é meio confuso, meio papo-cabeça, mas amodoro!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O amor nos tempos do cólera - Gabriel Garcia Marquez

Ai, que alegria e imenso prazer ler Gabo novamente! Para o desafio literário, o mês de julho era para ler um livro adaptado para o cinema, então escolhi esse.
Sabe aquelas histórias de amor do tempo da sua avó? Esse livro é assim, só naquela época se sofria de amor, era tudo muito difícil, o cara tinha que ser muito macho para enfrentar o pai da amada e pedi-la em casamento, tinha que namorar com alguém segurando vela, afff, que sofrimento! Igual conto de fadas, o mocinho tinha que enfrentar o dragão e salvar a princesa no alto da torre.
Ainda bem que nos resta a literatura para preencher a nossa sede amores impossíveis, amores românticos, etc.

Vamos aos personagens principais:

Dr. Juvenal Urbino se tornou conhecido no país por haver conjurado a tempo, com métodos inovadores e drásticos, a última epidemia de cólera morbo que flagelou a província. A anterior, quando ele ainda estava na Europa, causara a morte da quarta parte da população urbana em menos de três meses, incluindo aí seu pai, que foi também um médico muito estimado.
Era o mocinho cobiçado, bem-sucedido, médico que soube controlar a doença que estava matando um monte de gente.
 Reflexões dele:
"A única coisa de que necessito na vida e alguém que me entenda."
"Lembre sempre que o mais importante num bom casamento não é a felicidade e sim a estabilidade."

Fermina Daza: A mocinha, tem um pai emergente que quer o melhor para ela, então aprova o casamento com o médico

Florentino Ariza: Esse é o fofo, cuti-cuti, o personagem mais awesome, o romântico, pobre, desajeitado, filho único de mãe solteira. Aprendeu violino para tocar serenata para sua amada, decorava poemas de amor, escreveu uma carta apaixonada com 70 págs. Ficava  nervoso e passava tão mal que parecia estar doente e ainda fez juras de amor eterno à Fermina e cumpriu:
Antes que Florentino Ariza lhe contasse que a tinha visto, sua mãe já o descobriria, porque ele perdeu a fala e o apetite e passava as noites em claro rolando na cama. Mas quando começou a esperar a resposta à sua primeira carta, sua ansiedade se complicou com caganeiras e vômitos verdes, perdeu o sentido da orientação e passou a sofrer desmaios repentinos, e a mãe se aterrorizou porque seu estado não se parecia com as desordens do amor e sim com os estragos do cólera.

Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe, para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos do cólera.

Esperou por ela cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias mais tarde, quando lhe reiterou o juramento de fidelidade eterna e amor para todo o sempre.

Ele tem umas filosofias de boteco ótimas, como

"O mundo está dividido entre os que trepam e os que não trepam."

Os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão à luz, e sim que a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si mesmos.

O mais duro que ouviu foi alguém lhe gritando na rua: "Quem tem a cara feia e os bolsos vazios passa a vida a ver navios."

"O coração tem mais quartos que uma pensão de putas."

"Não creio em Deus, mas tenho medo dele."

"Em compensação, quando uma mulher resolve dormir com um homem não há barreira que não salte, nem fortaleza que não derrube, nem consideração moral nenhuma que não esteja disposta a varar de lado a lado: não há Deus que valha."

O FILME
O filme é um resumão do livro, mas é muito bom, tem atores ótimos, entre eles Javier Bardem no papel do romântico Florentino e quem faz o papel de sua mãe é a nossa Fernanda Montenegro. Achei a atriz que fez Fermina muito água de salsicha, picolé de chuchu, não convenceu em ser uma garota disputada. No filme tem muitos atores latinos, mas é falado em inglês. A trilha sonora ficou a cargo da Shakira, acredite se quiser, ela fez um bom trabalho, dizem que ela tem QI altíssimo e fala vários idiomas, além de ser esperta e gostosa para fazer música pop e ganhar rios de dinheiro. Se quiser baixar a música "Pienso en Ti", clique aqui:


Viva Gabo! Viva latinoamerica! Viva la revolucion!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Harold and Maude


Que filme mais doido esse! Em português o filme foi traduzido como "Ensina-me a viver", narra a história de duas pessoas muito excêntricas, o jovem Harold com 20 anos e a Maude prestes a fazer 80. Harold é obcecado pela morte, seu passatempo é simular suicídio, comprou um carro funerário e sempre vai a enterros, nessa de ir a enterros, encontra a Maude, uma velhinha doida de pedra, rouba carros, mora em um vagão de trem, posa para artistas, tem um passado de militante,etc. Eles são o oposto, enquanto ela tenta viver ao máximo, ele tenta morrer.
Harold tem uma mãe dondoca, que quer as coisas certinhas, tenta arrumar uma esposa para ele, leva-o para fazer terapia, compra carro luxo para tentar agradá-lo. Ele tem um tio militar que tenta ingressá-lo na carreira, conta vantagens sobre a guerra.
Olha o que a Maude falou para o policial depois de roubar um carro, uma pá e uma árvore:
Não seja tão profissional.Você deixa de ser você mesmo quando está sendo profissional demais. Essa é a maldição de quem tem um emprego no governo.
E quando ela serve bebida para o Harold, ele diz:
Com certeza estou descambando para os vícios.
Maude: Vício, virtude. É melhor não ser tão rigoroso assim.Você sabota a si mesmo pela sua vida afora. Veja isso por cima da moralidade. Se você aplicar isso para a vida, então você estará se privando de viver isso completamente.
Harold: Eu não tenho vivido. Eu tenho morrido umas vezes.

Queria muito ter uma avó ou uma vizinha como a Maude ou aquela velhinha do Tomates Verdes Fritos que acaba despertando em você a vontade de viver e de se arriscar. Teve a Semana da Diversidade Sexual, no canal GNT, em um dos episódios era sobre homossexuais de Jerusalém, a terra santa. Lá tem uma menina palestina que namora com uma judia (corajosas!), a palestina disse que é melhor viver morrer vivendo que viver morrendo, ou seja é preferivel morrer fazendo o que quer/ gosta a viver uma vida morta sem sentido.
A trilha sonora do filme á muito boa também, foi feita pelo Cat Stevens.Segue abaixo o vídeo com a música "Trouble" + cenas do filme.


O filme é mórbido, hilário, ácido, confronta personagens da sociedade, tais como: militarismo e a necessidade da guerra, a psicanálise, a igreja, o que é certo ou errado, etc. Amodorei!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dia internacional do Homem e Feminicídio

A Eliza era uma puta, aproveitadora, maria chuteira, atriz pornô
O Bruno é um jovem trabalhador, ganha seu dinheiro honestamente, venceu na vida

Não, não concordo com as afirmações acima, mas elas são citadas nas mídias descaradamente ou disfarçadamente, são capazes de transformar a vítima em culpada e o agressor em bonzinho.
As escolhas profissionais e os interesses de Eliza na visão ocidental-cristã-machista pode não ser boas, mas o mesmos que a criticam são os mesmos que usam os serviços prestados por ela e por outras. Enquanto houver demanda, haverá prestação de serviço, isso é lei máxima de mercado do sistema capitalista (lei da oferta e procura).
A "aproveitadora" engravidou para tirar grana dele, concluem por aí, mas o "aproveitador" é tão tosco que nem usa camisinha para se livrar da paternidade, ou seja, estão empatados no quesito "não nos protegemos sexualmente"
Ele é o mesmo que disse no dia internacional da mulher, em defesa do seu amigo e também agressor Adriano, disse:“Quem nunca saiu na mão com a mulher?” Parece que mesmo com a pouca idade já tinha experiência em agressões.
Por quê as putas têm que ir para fogueira e os consumidores de puta não? Até me lembra  aquela história da bíblia sobre a mulher adúltera que o povo, já com as pedras na mão para apedrejá-la, pergunta para Jesus o que deveriam fazer com ela. Até o "suposto" filho de Deus achou um absurdo e disse: Quem não tem pecado que atire a primeira pedra. Aí como todos saíram de fininho, ele disse para ela: se ninguém te condenou, eu tampouco. É uma sociedade hipócrita e ponto.
Mulher sempre vai sair em desvantagem, serão sempre aqueles milhares de rostos apagados que aparecem no final do filme Anticristo, serão as mulheres do Congo, do texto da Eve Ensler que a Yuna postou no Stoa, das mulheres da África do Sul que em medidas desesperadas usam uma camisinha com dentes anti-estupro. Das Elizas que morrem a cada 2 horas no Brasil, assassinadas são por seus "companheiros".
E até agora estou sem entender para quê serve o dia do homem....

E essa crise dos 30 que não passa?

Alguém já superou a crise dos 30 anos? Comigo tá dificil isso, nunca me aconteceu de ficar tão perdida na vida, em todas as áreas. Vou explicar: Na casa dos 20 eu já era mãe, fazia faculdade, era motivada, usava jeans, camiseta, all star ou havaianas, não me preocupava com o que comer, morava perto dos meus pais e da minha irmã, tinha um monte de amigas, etc.
Hoje meu filho já não depende de mim, vai e volta sozinho da escola, faz o curso de baixo, tem seus amigos e sair com a mamãe é cafona (entendo pq passei essa fase tb!).
Meus pais foram morar longe, minha irmã casou, teve filho e mal a gente se vê. Minhas amigas também casaram ou foram morar fora do país ou estão trabalhando muito e não têm tempo para trocar ideias.Tô sozinha!
Eu me olho no espelho e me sinto a Princesa Fiona, do Shrek, depois que virou "ogra". Antes eu comia um monte de porcaria, levava uma vida sedentária e não engordava. Hoje eu percebo que preciso maneirar na comida, fazer algum tipo de exercício físico, parar de fumar para não murchar e despencar de vez. E na hora de se vestir? Acho ridículo gente de 30 que se veste como se tivesse 15, mas só percebo isso nos outros, nunca sei se estou me vestindo adequadamente para idade, então na hora de sair é aquele sufoco, nunca sei o que vestir.
No trabalho eu não mostro mais atitudes proativas, só faço o que me pedem. Antes eu me metia nas comissões, participava de um monte de coisa, mas isso só era chateação, não ganhava um centavo a mais por isso e nada mudava, pelo contrário, você só descobre o lado podre.
Fiz uma faculdade difícil e trabalho ganhando quase a mesma coisa que ganhava antes de entrar nela.
Eu era ingênua, acreditava nas coisas e nas pessoas, pensava que com esforço tudo ia melhorar, hoje percebo que nada melhora e isso é um choque. Percebi também que quando você passa por uma situação difícil, você até supera, mas nunca esquece o trauma.
Tô perdidaça,  não sei o que quero da vida, escolhi mal minha carreira, achei que aos 30 eu seria bem-sucedida e faria o que eu gostava. Hoje ser bem sucedido e fazer o que gosta é tão difícil quanto ganhar na loteria, eu sei do que gosto, já é um começo, agora vou ver o que faço para que dê certo e nem sempre fazer o que gosta é ser bem-sucedido (financeiramente falando), eu só gosto de coisa que não rende nada.
Sem falar que eu perdi a paciência, não tenho saco para enrolação, respondo na lata, não me traga problemas se não pensou na solução, não me faça esperar, não venha com história mal contada ou meias-palavras porque não sou boa entendora, tem gente que te convida e depois não sabe se vai (se prontifica, te convida e não pode ir, é muito para minha cabeça!) ou quer marcar alguma coisa e não sabe quando, onde e nem por quê, eu não sei se sou muito prática e já tenho todas as informações na cabeça e acho que todo mundo tinha que ser igual. É o stress + TPM que me ataca. Não tô podendo, entende?
Fazer terapia é legal, vou continuar, quem sabe eu me acho, porque eu me sinto estranha por dentro e por fora.

Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui

[Meninos e Meninas - Legião Urbana]

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia do rock: Amy Lee

13 de julho. Dia internacional do rock. Para homenagear, escolhi uma representante do sexo feminino e sagitariana, a Amy Lee da banda Evanescence.
Eu não curto muito música barulhenta, mas sou aberta ao diálogo e às vezes aproveito uma coisa e outra ou o meu ouvido acostuma porque os meninos ficam ouvindo, sei lá...
Duas bandas que eu escuto, talvez porque têm mulheres no vocal, são  Evanescence e Nightwish, têm o mesmo estilo, elas cantam com voz mezzo lírica com metal.
Eu adoro o figurino da Amy, os corseletes, a voz, os olhos azuis muito claros contrastando com a cabeleira negra, a instabilidade emocional, as letras depressivas, os clipes com cenas de suicídio, etc.
Para o marcador "Letra de música" vou colocar a letra "Lithium". O lítio é receitado por psiquiatras para pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar, um problema que a pessoa fica, ora em estado de euforia, ora em estado de depressão, o lítio dá o equilíbrio, o paciente fica sem sentir emoções.
PS:O Nirvana também tem uma música chamada "Lithium".



Lithium - don't want to lock me up inside
Lithium - don't want to forget how it feels without
Lithium - I want to stay in love with my sorrow
Oh but God I want to let it go

Come to bed, don't make me sleep alone
Couldn't hide the emptiness you let it show
Never wanted it to be so cold
Just didn't drink enough to say you love me

I can't hold on to me
Wonder what's wrong with me

Lithium - don't want to lock me up inside
Lithium - don't want to forget how it feels without
Lithium - I want to stay in love with my sorrow

Don't want to let it lay me down this time
Drown my will to fly
Here in the darkness I know myself
Can't break free until I let it go, let me go

Darling, I forgive you after all
Anything is better than to be alone
And in the end I guess I had to fall
Always find my place among the ashes

I can't hold on to me
Wonder what's wrong with me

Lithium - don't want to lock me up inside
Lithium - don't want forget how it feels without
Lithium - stay in love you
Oh I'm gonna let it go

quinta-feira, 8 de julho de 2010

20 anos sem Cazuza

A via-crucis do corpo
O mundo caminha assim
A via-crucis da alma
Essa nunca vai ter fim
(música "Via crucis")

Há 20 anos não temos a presença do corpo de Cazuza, mas sua alma continua viva, através de suas músicas, embora ele acha que  a alma está sempre a caminho da cruz (via crucis).


Blues da Piedade
Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
[...]


Canções para o amor egoísta, sarcástico e finalizado

Só pro meu prazer
Noite e dia se completam
O nosso amor e ódio eterno
Eu te imagino, eu te conserto
Eu faço a cena que eu quiser
Eu tiro a roupa pra você
Minha maior ficção de amor
Eu te recriei, só pro meu prazer
Só pro meu prazer
 
O nosso amor a gente inventa
O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver
Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu


Não amo ninguém
Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro

Faz parte do meu show
Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou
Vago na lua deserta das pedras do Arpoador
Digo 'alô' ao inimigo
Encontro um abrigo no peito do meu traidor
Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor


Exagerado
Paixão cruel desenfreada
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras
Minhas mancadas

Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado

Codinome beija-flor
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Canção da carência

Maior abandonado
Eu tô pedindo
A tua mão
Me leve para qualquer lado
Só um pouquinho
De proteção
Ao maior abandonado

Living la vida loca

Vida louca vida
Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida
Vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa

Canção do pessimismo

O tempo não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Canção para pernoite

Pro dia nascer feliz
Estamos meu bem por um triz pro dia nascer feliz (2x)
O mundo acordar e a gente dormir, dormir
Pro dia nascer feliz
Essa é a vida que eu quis
O mundo inteiro acordar e a gente dormir
Todo dia é dia e tudo em nome do amor
Essa é a vida que eu quis
Procurando vaga uma hora aqui, a outra ali
No vai-e-vem dos teus quadris
Nadando contra a corrente só pra exercitar
Todo o músculo que sente
Me dê de presente o teu bis
Pro dia nascer feliz (2x)

Canção para fazer política
 
Burguesia
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

 Ideologia
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito...
Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...
O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar
A conta do analista
Pra nunca mais
Ter que saber
Quem eu sou
Ah! saber quem eu sou..

terça-feira, 6 de julho de 2010

Frida - O filme



 "pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade". [Frida Kahlo]

Em comemoração aos 103 anos de Frida Kahlo (apesar de já não estar entre nós fisicamente, temos o seu legado que a mantém viva). Ela cansou da vida que não foi nem um pouco generosa com ela. Aos 6 anos teve poliomelite o que causou sequelas, ficou com defeito no pé e mancava. Aos 18 sofreu um acidente no bonde que acarretou problemas na coluna, inúmeras cirurgias e dores crônicas até o fim de sua vida. Vira comunista (não sei se o comunismo era bom, mas quem era bom era comunista!) e conhece o Diego Rivera (já tinha dito aqui que ele nasceu no mesmo dia que eu, em anos diferentes, claro! ). Diego sempre deixou claro que não seria fiel, ela sabia que seria difícil, mas achava que ia endireitar o rapaz, não deu certo. Ela engravidou, ficou muito feliz, mas não conseguiu levar a gravidez adiante devido aos problemas sérios de saúde e sofreu um aborto. Pegou o Diego no bem bom com a irmã dela. Também teve seus casos extraconjugais, inclusive com pessoas do mesmo sexo. Hospedou Leon Trotski em sua casa e teve um caso com ele. A vida dela foi muito intensa, embora demonstrasse fragilidade física, ela tinha uma força espiritual extrema para aguentar os baques da vida. Fez do seu sofrimento uma arte.
"Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar"

O filme era um sonho que a atriz mexicana Salma Hayek queria realizar, lutou pelos direitos das obras, contou com a ajuda de amigos e atuou brilhantemente no papel de Frida, o Alfred Molina no papel de Diego e Geoffrey Rush (adoro! desde o filme "Contos proibidos do Marquês de Sade") no papel de Trotski, sem palavras. Salma era conhecida por fazer a gostosa de comédia romântica ou mulher de pistoleiro, surpreendeu a todos, além de gostosa é inteligente e atua muito, pena que Hollywood não dá o devido valor a la chica latina.
Não assistiu ainda? Corra para locadora, infeliz! Vai que o mundo acaba, morrer sem ver esse filme é um sacrilégio.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Anna Karenina - Leon Tolstoi

"Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira".

Nº de páginas: 654 (algumas publicações tem mais de 900 págs)
Para quem acha que é mais um romance de mulher adúltera, pode estar enganado. Esse livro conta toda a situação política da Rússia no século XIX. Anna só aparece lá pela página 60 e some bem antes do témino do livro.
A 1ª vez que tive contato com Tolstoi foi quando eu fiz um curso de Teologia e li "O reino de Deus está em vós", ele prega o cristianismo pacífico, é tipo de uma anarquia, já que recusa o governo dos homens, o poder da igreja e principalmente a estupidez da guerra. No livro "Anna Karenina" é fácil identificar as ideias descritas no "O reino de Deus está em vós", atráves do personagem Liêvnin, que é o próprio Tolstói, seu alter-ego.
Era leitura do desafio literário do mês de março, mas, pelo menos para mim, literatura russa não dá para ler direto em um mês sem ao menos fazer uma pesquisa sobre a situação naquela época, se for para eu ler e não entender, prefiro não ler. Foi por isso que eu fiz Teologia, inventei de ler a Bíblia e não entendi nada, fiz o curso, além de depois conseguir ler a Bíblia, tive uma das maiores experiências da minha vida.Teologia significa estudos sobre Deus, não quer dizer que é sobre religião, embora esteja totalmente ligada uma coisa com a outra, é a busca do homem por algo superior. Tanto que a palavra religião vem do latim religare, ou seja ligar o homem a Deus, o tal do elo perdido. Ironicamente eu sou cética que é diferente de ser ateu, ser cético é não ter certeza se Deus existe porque não tem como provar, já ateu significa negação de Deus, ele não acredita de jeito nenhum.
Voltando ao "Anna": É um livro que precisei pesquisar um pouco, portanto não é uma leitura fácil. Tolstói é extremamente detalhista na descrição física e psicológíca dos personagens, também a descrição do ambiente: a casa, os móveis, os empregados, a cidade, os amigos, a política, os ricos, os camponeses, é possível criar um filme na sua cabeça com todas as informações que ele passa sobre tudo.
Anna era uma mulher influente na sociedade, tinha sua vida normal com seu marido e filho, tudo transcorria muito bem, era bem tratada pelo marido (isso me lembrou muito "Casa de bonecas") e até que algo a tirou de sua vidinha rotineira, algo despertou dentro dela e viu que as coisas não estavam tão bem como ela imaginava, de repente ela percebeu que era capaz de amar outra pessoa além do marido e que para ter esse amor ela deveria abdicar sua vida confortável, estar à margem da sociedade, ao invés de ser influente, agora seria motivo de escândalo. Mas até que ponto somos capazes de suportar insultos, rejeição por defender o nosso amor ou nossas crenças? O quanto se suporta por amar mais o outro que si próprio? Tudo isso traz a própria anulação, humilhação, todas as nossas verdades são confrontadas. Ela tinha ido salvar o casamento do irmão e destruiu o seu próprio. Ela era linda, perfeita, simpática, até dar um basta e mostrar que não sabia o que era capaz de fazer até perceber que vivia uma ilusão, obedecia regras pré-estabelecidas pela sociedade, fazia o que era para o bem geral e não o bem para ela mesma, mas infelizmente Anna não conseguiu ser forte o suficiente para suportar tudo. Anna representa a Rússia. Seu marido representa os nobres que prezam a aparência, a boa vida e a hipocrisia, seu amante representa o militarismo, a guerra. Os costumes da época são um tanto curiosos, por exemplo: a família para ser chic, falavam em francês entre si, para ser cult falavam em alemão, era como uma negação da própria cultura, é achar que o estrangeiro é mais evoluído. Anna quebrou paradigmas, a Rússia também deveria sair da zona de conforto e romper com o conformismo e lutar com amor, o amor que Anna demonstrou quebrando todas as barreiras sociais, não com armas, mas com ações. O nome Anna significa, em hebraico, cheia de graça. Graça significa "favor não merecido", amar sem esperar nada em troca porque o outro nem merece tanto. É o amor doador. Por exemplo: Graças a Deus! quer dizer: mesmo não merecendo esse amor de Deus, foi-me concedido!
Ai que vontade de falar muito e de mais personagens e de todas as ideias que passam na minha cabeça, mas cada dia falamos menos, tudo está se resumindo a 144 caracteres (twitter), ninguém tem mais paciência para grandes reflexões.
Agora estou pronta para ler Guerra e Paz, dizem que é o melhor livro dele.

O FILME


Embora haja 3 ou 4 filmes, vi o mais recente com  Sophie Morceau, Sean Bean e Alfred Molina, enfoca mais a história da Anna, é  fiel ao livro, atores, figurino, cenário e trilha sonora, perfeitos. Muito bom!