sábado, 28 de agosto de 2010

Eleições 2010


Assunto chato! Mas não aguento, vou ter que falar disso em dois ou três posts ainda, comecei a falar em meados de fevereiro, depois que vi o documentário"Why democracy?". Hoje, ainda não vou falar do circo que está sendo montado no Brasil. Só tenho duas coisas para dizer:
1) Sou contra o voto obrigatório, impedir ou obrigar são formas de ditaduras, o voto tem que ser facultativo.
2) Deveria ter um curso preparatório para ser político, os candidatos deveriam saber o mínimo de história, geografia, filosofia, sociologia, políticas públicas, direito e economia. Qualquer funcionário público passa por concurso, pois é necessário um mínimo de conhecimento, por quê os políticos não?
Vou postar um texto sobre "voto" de um documentário francês, cujo o autor libera os direitos autorais do livro e do vídeo, ambos intitulados Da servidão Moderna.

Capítulo XVII: A ilusão do voto e da democracia parlamentar

“Votar é abdicar.”
Élisée Reclus

No entanto, os escravos modernos ainda se vêm como cidadãos. Eles acreditam que votam realmente e decidem livremente quem vai dirigir seus negócios. Como se eles ainda tivessem escolha. Apenas conservaram a ilusão. Vocês acreditam que ainda existe uma diferença fundamental quanto à escolha da sociedade na qual nós queremos viver entre o Partido Socialista e a Direita Populista na França, entre os Democratas e os Republicanos nos Estados Unidos, entre os Trabalhistas e Conservadores no Reino Unido? Não existe oposição, pois os partidos políticos dominantes estão de acordo sobre o essencial que é a conservação da atual sociedade mercantil.
    Não existem partidos políticos susceptíveis de chegar ao poder que duvidem do dogma do mercado. E são estes partidos que com a cumplicidade mediática monopoliza as aparências. Discutem por pequenos detalhes esperando que tudo fique onde está.  Brigam por saber quem ocupará os lugares oferecidos pelo parlamentarismo mercantil. Estas estúpidas briguinhas são difundidas pelos meios na intenção de ocultar um verdadeiro debate sobre a escolha da sociedade na qual desejamos viver. A aparência e a futilidade dominam profundamente o afronto e as idéias. Tudo isto não se parece nem de perto nem de longe a uma democracia.
    A democracia real se define primeiro e antes de tudo pela participação massiva dos cidadãos na gestão dos interesses da cidade. Ela é direta e participativa e encontra sua maior expressão na assembléia popular e no diálogo permanente sobre a organização da vida comum. A forma representativa e parlamentar que usurpa o nome da democracia limitam o poder dos cidadãos pelo simples direito ao voto, ou seja, a nada, tão real, que não existe diferença entre o cinza claro e o cinza escuro. As cadeiras do Parlamento estão ocupadas pela imensa maioria da classe econômica dominante, seja ela de direita ou da pretendida esquerda social-democrática.

    O poder não é para ser conquistado, ele tem que ser destruído. O poder é tirano por natureza, seja ele exercido por um rei, por um ditador ou um presidente eleito. A única diferença no caso da democracia parlamentar é que os escravos têm a ilusão de que podem escolher eles mesmos o mestre que eles deverão servir. O direito ao voto fez dos mesmos cúmplices da tirania esmagadora. Eles não são escravos porque existem amos, senão que existem amos porque decidiram permanecerem escravos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O amante

Li "O amante", de Marguerite Duras.
A menina tem 15 anos e meio, o amante é uma década mais velho, se não bastasse a diferença da idade, ela é branca, ele chinês, ela é de uma família de colonos falidos, ele é rico. Tudo acontece no Vietnam, nos anos 30.
Ela sente-se todo tempo sufocada pela mãe que quer decidir o seu futuro, já tem tudo planejado e ela odeia isso, arrumar o amante, além de ser um meio de chocar e se rebelar contra a mãe, era a paz que ela encontrou em meio ao caos. Ela não sabia se estava realmente interessada nele, no dinheiro dele, tinha a mente de uma adolescente perdida, mas gostava de estar lá.
Ele também se sentia culpado por amá-la, o sexo era uma mistura de culpa, dor e prazer, conforme é notado nos trechos abaixo:
Ele lhe arranca o vestido, joga-o longe, arranca a calcinha branca de algodão e a leva nua para a cama. Então, vira-se para o outro lado e chora. E ela, lentamente, com paciência, o traz para perto e começa a despi-lo. Ela faz tudo com os olhos fechados. Lentamente. Ele procura ajudá-la. Ela pede-lhe que não se mexa. Deixe-me. Diz que quer fazer isso sozinha. E faz. Ela o despe. Quando ela pede, ele movimenta o corpo na cama, com cuidado, ligeiramente, como se não quisesse acordá-la.

Ela não olha para o rosto. Não olha. Só o toca. Toca a doçura do sexo, da pele, acaricia a cor dourada, a novidade desconhecida. Ele geme, chora. Dominado por um amor abominável.

E chorando ele realiza o ato. A princípio, a dor. E depois a dor se transforma, é arrancada lentamente, transportada para o prazer, abraçada ao prazer.

Ela tem um irmão mais velho que é um bruto, o mais novo que ela era mais apegada, morre,  há uma amizade muito colorida com uma colega que ela passa até a desejar, mostrando uma homossexualidade não consumada:

Eu gostaria de comer os seios de Hélène Lagonelle como são comidos os meus no quarto da cidade chinesa aonde vou todas as noites aprofundar-me no conhecimento de Deus. Ser devorada por aqueles seios maravilhosos que são os dela.

Odiava a mãe e gostava de ser considerada filha do chinês (filha no sentido ilustrado abaixo, se é q vc me entende):

Às vezes dizia que tinha vontade de me acariciar porque estava certo de que eu queria e porque desejava ver-me no momento do prazer. Ele o fazia e me olhava e me chamava como se chama uma filha.
O complexo de Édipo também é notado entre a mãe dela e o irmão mais velho, porque ele era viciado, roubava as coisas da mãe, mas ela nunca cobrava nada dele, protegia-o muito:
Creio que somente do mais velho ela dizia: meu filho. Às vezes o chamava assim. Dos outros dois ela dizia: os mais novos.
Aos 18 anos ela já se sentia velha, acabada:
Muito cedo na minha vida ficou tarde demais. Quando eu tinha dezoito anos já era tarde demais. Entre dezoito e vinte e cinco meu rosto tomou uma direção imprevista. Aos dezoito anos envelheci. Não sei se é assim com todos, nunca perguntei. Creio que alguém já me falou dessa investida do tempo que nos acomete às vezes na primeira juventude, nos anos mais festejados da vida. Esse envelhecimento foi brutal.
O livro é fininho, o que eu tenho é o da Coleção Folha, 94 págs, embora a leitura seja simples, há uma profundidade de assuntos muito interessantes: a colonização francesa na Indochina, o racismo, relações familiares, erotismo, assuntos freudianos, etc. Leiam, mujeres, é interessante!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O carteiro

Foi-se o tempo em que o carteiro era a pessoa  mais esperada nas casas, todos ficavam ansiosos na expectativa de receber uma cartinha de amor ou notícias do parente distante.
Hoje o carteiro não passa de uma sombra, andando encurvado com aquela bolsa enorme nas costas, enfrentando o sol, a chuva, lá vai ele, sendo recebido pelos cachorros furiosos, as casas já não abrem mais a porta, ele só traz papelada de mala-direta e contas para pagar, não traz mais esperanças, já não se escreve mais cartas de amor, talvez qualquer demonstração de afeto seja trocado em e-mails, sms e chats, sem todo aquele ritual de escrever à mão, várias vezes, no papel de carta perfumado, depois entrar na fila do correio e dar um beijo no envelope antes que ele siga seu rumo. Quanto à notícia do parente, ninguém quer saber de parente, quanto menos pessoas se preocupar, melhor.
Ah, se todos os carteiros tivessem a sorte do Mário, de "O carteiro e o poeta", que levava as correspondências para o poeta e aprendia com ele, inclusive a escrever cartas de amor, mas na vida real não existe os sonhos do cinema italiano. O carteiro vai andando e murchando, curvando as costas e diminuindo até ficar invisível e ninguém notar sua existência, não é mais o mensageiro da esperança, não é nada e nem ninguém.


Trilha sonora: ECT - Cassia Eller
Recebo o crack, colante
Dinheiro parco, embrulhado
Em papel carbono e barbante
Até cabelo cortado
Retrato de 3x4
Prá batizado distante
Mas isso aqui, meu senhor
É uma carta de amor...
Levo o mundo
E não vou lá...(3x)
Levo o mundo e não vou...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Bellini e a Esfinge - Tony Bellotto

Para o Desafio Literário, o tema do mês de agosto é ler um romance policial. Escolhi Bellini e a Esfinge, de Tony Bellotto. Eu adoro as carreiras paralelas dos Titãs, sempre achei o Tony mais introspectivo e mais tímido que os outros, talvez seja por isso que ele escreve livros e blog. Há uma trilogia: Bellini e a Esfinge, Bellini e o dêmonio e Bellini e os espíritos, fiquei curiosa para ler esses outros dois.
Nota de 0 a 10: 5
Porque escolhi lê-lo? Porque está dentro do tema proposto pelo desafio, nunca tinha lido uma obra do Tony e nunca tinha lido um romance policial brasileiro.

Narra a história de um detetive, Remo Bellini (sim, ele teve um irmão gêmeo chamado Rômulo, só faltou ser amamentado por uma loba e fundar Roma), um pouco desestabilizado na vida, tem 32 anos, é brigado com o pai, separado da mulher, no serviço ele não é muito ético, como o crime que ele tinha que desvendar envolvia pessoas ligadas à prostituição, ele acabava trepando saindo com a prostituta para obter informações, trepava saía com uma colega de trabalho, a Beatriz, cheirava uma carreira cocaína em serviço.
Bellini sai em busca de insformações sobre o sumiço de Ana Cíntia, uma moça que trabalha na Rua Augusta. Ela tem a seguinte descrição: cabelos castanhos à altura dos ombros, olhos escuros e sobrancelhas grossas, rosto quadrado e corpo magro mas de pernas musculosas. Não Parece a descrição de Malu Mader? rsrs
Além do sumiço de Ana Cíntia, ele investisga a morte do médico Samuel Rafidjian, tem todos aqueles elementos de romance policial, suspeitamos de todos os que convivem com ele: secretária, esposa, filhos, amigos, etc. Através do enigma da esfinge, ele saberia quem era o criminoso.
O livro tem umas partes picantes, meio livrinhos de banca Sabrina, Julia , cita alguns músicos e músicas que o personagem curte, mas eu desconheço.
Não é uma obra-prima da literatura, Bellini nunca vai ser um Sherlock Holmes, mas é gostosinho de ler, tanto que pretendo ler os outros. Recomendo sim, meu caro Watson!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O título do filme tem Chocolate?

eu sou super addicted de chocolate, se eu não comer pelo menos um tabletinho de chocolate todo dia eu tenho tremedeiras e surtos, com chocolate fico calminha e sorridente rsrs
Eu não me contento apenas em comer chocolate, se no título do livro, da música, do filme tem chocolate, já me interessa. Ah, tem o esmalte "chocolate trufado" da Colorama, dá vontade de comer a ponta dos dedos...
Vou falar de dois filmes: "Chocolate" e "Como água para chocolate".

Chocolate

Dirigido pelo Sueco Lasse Hallström, no elenco tem as duas atrizes lindas que trabalharam no filme "A insustentável leveza do ser", a francesa Juliette Binoche e a sueca Lena Olin, também trabalharam o most gato ever, Johnny Depp e os ingleses, Alfred Molina e Judi Dench.
A Juju Binoche interpreta uma mãe solteira que recebe uma maldição familiar de ser andarilha pelo mundo, então ela vive mudando de cidade, a filha dela odeia essa inquietação da mãe. Por último ela se instala na cidade, próximo a uma igreja e abre a chocolateria Maya.
A Lena interpreta uma cleptomaníaca que sofre violência doméstica, deixa o marido e vai ajudar na chocolateria.
O Johnny Depp é um cigano, e que cigano! Como ele consegue ser tão bonito,charmoso e alternativo, hein? Ele e sua turma chega na cidadezinha e por serem ciganos,  são boicotados por todos, menos pela dona da cholateria.Ah, falando em chocolate, ele fez "A fantástica fábrica de chocolate", versão Tim Burton
A Judi Denchi é uma senhorinha, tem uma filha chata que não a deixa ver o neto porque acha que ela é má influência só porque ela é diabética, enche a cara de chocolate e não quer viver no asilo, prefere morrer fazendo o que gosta.
O Alfred Molina é o prefeito, quer manter a ordem, a tradição, a família e os bons costumes (odeio gente de bem cheio de regras!). Não gosta da presença da chocolateria na cidade porque a proprietária não vai à igreja, é mãe solteira, se enrabicha com cigano,etc.
Esse filme, além de ser cuti-cuti tem tanto chocolate, torta de chocolate, chocolate quente com pimenta, mon dieu!

Como água para chocolate

É um dramalhão filme mexicano, é a mistura de Maria do Bairro com a Usurpadora (mentira! rsrs). A filha mais nova, por tradição, não podia casar, tinha que cuidar da mãe na velhice. Claro que Tita cresceu e se apaixonou por Pedro, ele casou com a irmã dela só para ficar perto dela. Então ela fazia umas comidas que mexia com os sentimentos das pessoas, por exemplo, no bolo de casamento da irmã cairam lágrimas na massa e todos que comeram tiveram uma tristeza, começaram a lembrar de amores do passado, passaram mal, etc.
Depois ela fez codornas com pétalas de rosas, o negócio era tão afrodisíaco que Gertrudes, umas das irmãs exalava um cheiro que atraiu um revolucionário e ela fugiu com ele nua, à cavalo. Uau!
Achei engraçado o lençol nupcial que tinha um buraco no meio, isso já existiu mesmo? Que bizarro!
Esse filme é tão mamão com açucar que não é recomendável para diabéticos. O segredo da comida de Tita? Fazer com amor!

A ciência não comprova, mas estou certa que comida pode mexer com os sentimentos (tanto os bons quanto os maus) das pessoas. Quando vou na casa da minha mãe eu como muito, para mim é a comida mais gostosa do mundo, sinto-me, além de alimentada, amada, protegida, feliz. Também adoro quando faço alguma coisa e o Samuca fala que tá uma delícia e quer mais. Reunir os amigos em botecos para comer e conversar é melhor que terapia. À mesa você descobre as verdades, na religião, Jesus anunciou que alguém o traía e anunciou sua morte, na famosa Santa Ceia. Na mitologia, Procne enfurecida com o marido que tinha estuprado sua irmã Filomela, mata o próprio filho, Ítis e serve a carne para o pai no jantar. Esses seres mitológicos são mais macabros que personagens de filme de terror, eu hein!

Já cantava o síndico Tim Maia:
Não quero chá
Não quero café
Não quero coca-cola
Me liguei no chocolate
Só quero chocolate
Não adianta vir com guaraná
Prá mim é chocolate
Que eu quero beber...
Chocolate! Chocolate! Chocolate!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Edvard Munch

Dando continuidade ao marcador "Artistas de sagitário", vou falar daquele que causou repugnância e desprezo, como sempre, os sagitarianos só sabem causar.O norueguês Münch, apesar de viver na boemia, ele sempre foi muito doente, perdeu a mãe aos 5 anos, perdeu a irmã, só se apaixonava por mulheres dos outros, sua arte só recebia más críticas e por aí vai.
Lembro que na faculdade tínhamos que escolher um tema, quando eu vi o expressionismo, escolhi, também ninguém queria, mas eu super curto o cinema expressionista alemão, o cinema-mudo fala muito mais que filmes com muitos diálogos, Os filmes Metrópolis, O Gabinete do Dr. Caligari, Nosferatu, aqueles cenários distorcidos, a maquilagem forte, as expressões desesperadas dos atores. É uma pena que muitos desses filmes acabaram sofrendo censura, foram cortados e muita coisa se perdeu.
Nas artes plásticas Münch se destacou por retratar tragédias humanas em seus quadros, o assunto psicanálise ainda estava nascendo e ele já pintava desespero, medo, morte, solidão, como um profeta do que seria o mal do século que estava por vir. Também usava cores fortes que de certa forma agride os olhos e cores escuras nos ambientes que dá uma sensação de claustrofobia.

Melancolia

O grito

Vampira (na verdade ele dizia que o título era "beijo no pescoço")

Ansiedade
A Madonna (bem erótica por sinal!)

Ciúmes

Puberdade

A menina doente

Desespero

O Beijo (é estranho, um rosto mistura com outro, vira uma coisa só)

A dança da vida (todos tão entendiados, ngm se olha, estão juntos no meio de uma solidão)

Day after

sábado, 14 de agosto de 2010

Adoçando a vida

Nos últimos posts só tenho falado de filmes, faz tempo que não coloco receitinhas, então vamos lá tirar o atraso do nosso Amélia moments.
Começaremos pela torta holandesa, fiz bem antes do jogo do Brasil x Holanda, como sei que a maioria soccer addicted estava com a laranja mecânica entalada na guela, eu não arrisquei falar da torta. Agora acho que já superaram, então vamos lá:

A receita, usei como base essa do site da Nestlé, a única coisa da marca Nestlé que usei foi o biscoito Calipso, para a cobertura usei o melhor chocolate do mundo, o suiço da marca Lindt que a Tati trouxe da Alemanha para mim. É fácil de fazer, o difícil é esperar 12h para comer, tanto que depois de 12 horas avançaram que nem deu tempo para tirar a foto da torta em pedaços, devoraram!

Outra coisa que fiz foi a tal da tortinha de maçã similar à do Mc Donalds (como eu boicoto o Mc, faço minha versão caseira de junk food)
 Embora pareçam feinhas na foto, estavam uma delícia!
Para o recheio:
- 3 maçãs Fuji cortadas em fatias finas
- ½ xícara (chá) de açúcar
- 4 xícaras (chá) de água (para cozinhar as maçãs)
- Suco de ½ limão
- 1 colher (chá) de canela em pó
- 4 colheres (sopa) de amido de milho
- 1 xícara (chá) de água para dissolver o amido

Opções de recheio:
- banana (substitua as maçãs por 3 bananas nanicas - 1 colher de sopa)
- Queijo minas e goiabada ("Romeu e Julieta")
- Doce de leite com queijo (1 colher sobremesa de doce
de leite e 1 colher de sobremesa de queijo minas ralado)


Modo de preparo
- Massa de pastel pronta
- Recheio frio
- Claraver vídeo para pincelar as laterais
- Canela e açúcar para polvilhar

Opção de formato:
Corte um retângulo de 14 cm x 10 cm.
Passe clara nas bordas e coloque o recheio no sentido do comprimento da massa.
Enrole a massa no modelo que desejar (palitos, triângulos, etc)
Modo de preparo

Para o recheio:
Numa panela, coloque as maçãs, o açúcar, a água, o limão e a canela.
Deixe cozinhar por cerca de 30 min.
Acrescente, aos poucos, o amido de milho dissolvido na água.
Deixe esfriar.

Montagem:
Coloque o recheio já frio na massa.
Pincele as laterais com a clara e feche bem.
Frite em óleo não muito quente e polvilhe açúcar com canela.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Be sure to share

Ontem, em homenagem ao Dia dos Pais, nós escolhemos o filme japonês "Be sure to share". Sobre um pai, professor de Educação Física, durão e que descobre ter câncer. Com a fragilidade da doença, ele começa fazer planos para quando sair do hospital, ir pescar com o filho. O filho também foi aluno do pai, eles nem se falavam muito, era muita cobrança. Tanto que o pai não deixava o filho chamá-lo de pai na escola. Um dia ele mandou o filho escrever as 9 regras para ser sucedido no esporte (mas acho que vale para vida):

1) Se você esquecer os princípios básicos da vida, sua técnica não crescerá.
2) Não há vitória sem esforço diário
3) Não invente desculpas
4) Falta de gratidão é imperdoável!
5) "Incapaz" e "sem disposição" são diferentes!
6) Se você não está dando o seu melhor, não é treino!
7) Os fracos precisam de resultados rapidamente
8) Não há como lutar sem armas
9) Treino não garante vitória, mas não há vitória sem treino

A doença acabou aproximando mais a família, o filho percebeu que o modo rude do pai era um meio que ele tinha para mantê-lo disciplinado. Esse filme é tão lindo, tão emocionante! Tão japonês! Sim, porque filme japonês lida com questões difíceis da vida de uma maneira tão diferente de nós, ocidentais.
Uma lição linda que a gente tem que aprender e treinar diariamente é: Viva o hoje como se fosse morrer amanhã! Não vamos deixar de fazer o que a gente gosta, compartilhar bons momentos com os amigos e família. Eu, por exemplo, tenho uma lista de coisas para fazer antes de morrer, porque não quero lamentar o que não vivi e sim, compartilhar boas histórias e bons momentos.Hoje é o dia de dizer "eu te amo", para as pessoas que você ama, é o dia de dizer "como você é legal!" para seus melhores amigos, fazer um elogio a quem mereça, fazer uma doidera de vez em quando, como pular de paraquedas, escalar uma montanha, encher a cara, dar risada, roubar um beijo, falar palavrão, abraçar, comer aquela torta deliciosa, tocar o instrumento que você sempre sonhou, dançar, cantar, ler poesia em voz alta, tocar a campainha e sair correndo. Só se vive uma vez!

Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu...
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida e não viveu...
(Francisco Otaviano)

Ou como diz o rei Roberto Carlos:
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

Sociedade dos Poetas mortos:

"Fui para os bosques viver de livre vontade.
Para sugar todo o tutano da vida.
Para aniquilar tudo o que não era vida
e para, quando morrer, não descobrir que não vivi."

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Rapsódia em agosto - Akira Kurosawa

Há 65 anos aconteceu um dos maiores desastres da humanidade, as bombas atômicas lançadas pelos americanos em Hiroshima (dia 6/8) e em Nagasaki (dia 9/8). Aproveitei para mostrar ao Samuca esse filme, já que ele é 1/4 nipônico, achei importante ele conhecer o passado de seus ancestrais. Já tinha assistido há algum tempo, depois a Yuna resolveu praticar o desapego e vendeu o filme para mim (essas coisas não se vende, amiga! rs). Quem me conhece sabe que sou fascinada pelo diretor japonês Akira Kurosawa, já escrevi sobre a obra dele em outros blogs e foruns de cinema, mas aos poucos, conforme for assistindo novamente, coloco aqui. Por causa dos filmes de Kurosawa, a minha vida mudou em vários aspectos.
Já falei do filme "Hiroshima, meu amor" de Alain Resnais, que mostra o que aconteceu em Hiroshima, então resta falar do Rapsódia em Agosto,mostra o que aconteceu em Nagasaki. a batchan fica com os netos enquanto os pais vão visitar parentes no Hawai, os filhos e netos já esqueceram o trágico acontecimento, afinal, eles nem viveram aquela situação, já a vozinha está traumatizada e jamais esquecerá que perdeu grande parte da família e o marido na tragédia, não esquecerá o grande olho no meio da rosa (a bomba qdo explode faz um formato de uma rosa), tanto que no filme, durante o mantra budista mostra a as formigas atacando a rosa e no final, a avó correndo com o guarda-chuva, ele se fecha com a tempestade, no formato de uma rosa, a música que as crianças cantam também menciona a rosa. Os filhos e netos estão alienados no mundo moderno, até que os netos começam a se interessar em conhecer a história, então eles saem visitando os lugares, os memoriais e pelo olhar deles, também conhecemos. Teve a participação do Richard Gere, falando em japonês, no papel do sobrinho Clark. Foi o penúltimo filme feito pelo Akira, é bem simples, poético, uma homenagem às vitimas.Uma das cenas marcantes é quando uma senhora vai visitar a avó, as duas ficam uma de frente para outra sem dizer uma palavra, durante muito tempo, cada uma sabia da dor da outra.
Como faz tempo que não posto "letra de música", vou deixar aqui Rosa de Hiroshima, de Vinícius Moraes, cantada por Ney Matogrosso


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

domingo, 1 de agosto de 2010

Eu, ela e minha alma

 "A alma localiza-se em uma pequena glândula no centro do cérebro".
[René Descartes - Paixões da alma, 1649]

"A alma é a sua própria fonte de descobertas". [Heráclito]

Eu, ela e minha alma (Tráfico de almas) ou o nome original, Cold Souls é um filme americano de ficção científica, sobre um ator, Paul Giamatti (é o nome do personagem e o nome real do ator que interpreta)  está ensaiando a peça Tio Vânia, do Tchecov, tio Vânia é um homem muito perturbado, na casa dos 40, mas que não suporta a vida. O ator começa a sentir as mesmas aflições do personagem a ponto de não conseguir lidar com isso. Seu agente avisa-o sobre uma clínica que você pode depositar sua alma por algum tempo.
O ator deposita sua alma no cofre, sua alma materializada parece um grão-de-bico, ele perde seus sentimentos, o ensaio da peça ficou algo bem mecânico, até porque atores não podem deixar de ser sensíveis. Ele vai a um jantar com a esposa e alguns amigos, uma colega menciona que alguém da família está doente, ligado aos aparelhos e ele, insensível, falou: Por quê não desligam os aparelhos? Todos ficaram pasmos. Ele estava sentindo um vazio e voltou à clínica para reaver sua alma, mas existe uma máfia russa que faz tráfico de almas e uma "mula", mulher responsável por trazer a alma da Rússia para os EUA, rouba a alma do ator para emprestar a mulher do mafioso que é uma loura-burra, aspirante à atriz, mas sem nenhum talento. Como ele ficou sem alma, ele pede emprestado a alma de um poeta russo (que na verdade é de uma poetisa, mas os russos doam as almas anonimamente, elas são identificadas pelas profissões que a pessoa exercia, não por gênero). Engraçado foi durante uma conversa da máfica russa que eles estavam pensando em traficar almas do EUA para Rússia e um deles fala: Mas quem na Rússia quer alma de americano? Eu ri.
O filme é muito bom, às vezes dramático, com umas pitadas de humor, misturados com a peça de Tchecov.
 Refletindo sobre alma: Dizem que a alma é eterna, onde habita a vida, os sentidos, é o nosso lado não palpável, do latim anima, do grego psiquê, há explicações psicológicas, religiosas, mas nada que explica muito bem como lidar com ela.
Ah, se eu pudesse depositar minha alma durante uns dias em algum lugar (desde que nenhum traficante roubasse!), tem dias que a gente precisa ser frio e calculista para resolver algum pepino, ser forte quando alguém da família está doente, fingir que está tudo bem quando termina um relacionamento, se nessas situações perdêssemos a alma, não ia doer tanto. Como diz Carlos Drummond de Andrade:
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo

Fernando Pessoa também diz:
Não sou nada
Não serei nada
Não posso querer ser nada
À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo


Também tenho todos sentimentos do mundo: amor, piedade, fraternidade, desejos, sonhos, ódio, egoísmo, impaciência, culpa, mágoa, desejos de vingança ou de perdão.  Alguns sentimentos são bons, outros são doloridos, às vezes os bons quando acabam se tornam maus, é nessa hora que eu quero perder a alma ou não, se acaso aparecer um colo quientinho, uma mão que me afague e um lábio bom que me beije, talvez eu me aquiete e perceba que vale a pena manter a alma em seu lugar.
O mal do século são as doenças da alma: o medo, a solidão, a depressão, síndrome do pânico. Queremos gritar S.O.S (save our souls), mas ninguém escuta, eles só buscam a cura do corpo, mas a dor da alma é infinitamente mais intensa, não há remedio que cure, não há ferida que cicatrize.

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? [Salmos 42:5]