quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O carteiro

Foi-se o tempo em que o carteiro era a pessoa  mais esperada nas casas, todos ficavam ansiosos na expectativa de receber uma cartinha de amor ou notícias do parente distante.
Hoje o carteiro não passa de uma sombra, andando encurvado com aquela bolsa enorme nas costas, enfrentando o sol, a chuva, lá vai ele, sendo recebido pelos cachorros furiosos, as casas já não abrem mais a porta, ele só traz papelada de mala-direta e contas para pagar, não traz mais esperanças, já não se escreve mais cartas de amor, talvez qualquer demonstração de afeto seja trocado em e-mails, sms e chats, sem todo aquele ritual de escrever à mão, várias vezes, no papel de carta perfumado, depois entrar na fila do correio e dar um beijo no envelope antes que ele siga seu rumo. Quanto à notícia do parente, ninguém quer saber de parente, quanto menos pessoas se preocupar, melhor.
Ah, se todos os carteiros tivessem a sorte do Mário, de "O carteiro e o poeta", que levava as correspondências para o poeta e aprendia com ele, inclusive a escrever cartas de amor, mas na vida real não existe os sonhos do cinema italiano. O carteiro vai andando e murchando, curvando as costas e diminuindo até ficar invisível e ninguém notar sua existência, não é mais o mensageiro da esperança, não é nada e nem ninguém.


Trilha sonora: ECT - Cassia Eller
Recebo o crack, colante
Dinheiro parco, embrulhado
Em papel carbono e barbante
Até cabelo cortado
Retrato de 3x4
Prá batizado distante
Mas isso aqui, meu senhor
É uma carta de amor...
Levo o mundo
E não vou lá...(3x)
Levo o mundo e não vou...

Um comentário:

  1. Pois é... o carteiro só trás as contas, virou uma visita indesejada até... Como não vivi essa experiencia com o carteiro, de receber cartas e afins, pq já nascir para a vida incerida no mundo digital acaba que quando se fala nesse assunto sinto um tipo de saudade daquilo que não vivi!!!

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