sábado, 18 de setembro de 2010

Desafio Literário: Romance histórico - Lolita

Filme Lolita - Stanley Kubrick

É um assunto tão delicado, a sociedade e muito menos eu, na condição de mulher, temos alguma opinião e uma solução concreta e justa para esse assunto: pedofilia.
Para o Desafio Literário - mês de setembro, escolhi "Lolita", do russo Vladimir Nobokov. No prefácio tem a seguinte descrição:
Como caso clínico, Lolita por certo será visto como um clássico nos meios psiquiátricos. Como obra de arte, transcende seu aspecto expiatório. Todavia mais importante do que sua relevância científica ou valor literário é o impacto ético que o livro deve exercer sobre o leitor sério, pois nessa dolorosa trajetória pessoal transparece uma lição de cunho genérico: a criança desobediente, a mãe egoísta, o maníaco ofegante não são apenas vívidos personagens de um drama excepcional. Eles nos advertem sobre tendências perigosas, apontam para gravíssimos males.

Descrição de ninfetas, segundo o personagem:
Entre os limites de idade de nove e catorze anos, virgens há que revelam a certos viajores enfeitiçados, bastante mais velhos do que elas, sua verdadeira natureza - que não é humana, mas nínfica (isto é, diabólica). A essas singulares proponho dar o nome de ninfetas.

Será que todas as meninas entre esses limites de idade são ninfetas? Claro que não.
Tampouco a beleza serve como critério; e a vulgaridade, ou pelo menos aquilo que determinados grupos sociais entendem como tal, não é necessariamente incompatível com certas características misteriosas, a graça preternatural, o charme imponderável, volúvel, insidioso e perturbador que distingue a ninfeta das meninas de sua idade.

Descrição do criminoso:
[...] precisa haver um intervalo de muitos anos - a meu juízo nunca menos de dez, geralmente quarenta ou cinquenta, chegando a noventa em alguns poucos casos que se tem registro - entre a menina e o homem para que este caia sob o feitiço da ninfeta.
[...] quase todos os pervertidos sexuais que anseiam por uma latejante relação com alguma menininha são seres inofensivos, inadequados, passivos e tímidos, que apenas pedem à comunidade que lhes permitam entregar ao seu comportamento supostamente aberrante, mas praticamente inócuo, que lhe deixam executar seus pequenos, úmidos e sombrios atos  de desvio sexual sem que a polícia e a sociedade os persigam. Não somos tarados! Não cometemos estupros, como fazem muitos bravos guerreiros! Somos seres infelizes, meigos, de olhar canino, suficiente bem integrados para saber controlar os nossos impulsos na presença de adultos, mas prontos a trocar anos e anos de vida pela oportunidade de acariciar uma ninfeta

Descrição do futuro da ninfeta:
A propósito: frequentemente me pergunto o que acontece depois com essas ninfetas, será que o oculto espasmo que delas furtei não lhes teria afetado o futuro? Afinal de contas, eu as possuíra - embora, verdade seja dita, elas não houvessem desconfiado de nada.

Humbert é um homem que sai da Europa, vai para os EUA, conhece Lolita e se torna obcecado a ponto de casar com sua mãe para ficar próximo dela. Ele tem problemas psiquiátricos já tinha sido internado algumas vezes. Para conquistá-la, realiza todos caprichos e vontades da guria, compra doces, roupas, revistas de artistas de cinema, etc.
O livro é simples de ler, exceto as partes que os escritores russos tem mania de manter em francês e nunca são traduzidas, quem não tem conhecimento nenhum no idioma pode ter essa dificuldade, como disse o personagem: "Esses clichês em francês são sintomáticos", é um tic nerveux. Veja a quantidade de frases em meia folha do livro, quando me perguntam porque faço francês, falo que é para ler os russos e as pessoas não entendem a relação, também faço porque adoro a sonoridade, a literatura, os pensadores, cineastas, etc.
Esse assunto é bem pesado para mim, considero um tabu, mas é uma obra literária muito boa, 319 págs. O meu é o da Coleção Folha. Não vou dar nota, quem sou eu para ratear um autor clássico...
Aprendi que: Sempre dizem para as crianças não pegarem doces ou caronas com estranhos, mas na verdade quem comete a maioria desses crimes nem sempre é um estranho, é gente que frequenta a casa: o amigo da família, o pai, o tio, o padre, etc. Bizarro!

Filmes sobre o assunto:
Lolita (1962)- Stanley Kubrick
Lolita  (1997) -  Adrian Lyne
O Lenhador (2004) - Nicole Kassell

Para visualizar leituras anteriores clique aqui

6 comentários:

  1. É, vc tem razão, esse livro é difícil de formar uma opinião.
    Depois de muito pensar no assunto decidí que não gosto dele. Não pelo tema, mas pela forma de escrever do Nobokov. Tem a ver com minha natural aversão por literatura russa...

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  2. você disse bem, tema delicadíssimo! mas conseguiu manter-se isenta e resultou num ótimo post.

    [#euri da parte em que menciona o uso do francês.]

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  3. Bom, é uma leitura da qual não saímos incólumes...gera uma sensação de estranhamento, repúdio...enfim, é tabu pra mim também. Porém, aí está o papel da literatura: expor realidades para além do que a gente pensa. Gostei muito do seu texto!

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  4. Olá! Eu acho que meu comentário não foi publicado...novamente: gostei muito do seu texto, de sua visão acerca da obra. Para mim é também esse um tema tabu. Sua leitura gera, no mínimo, estranhamento. Por outro lado, a literatura,assim como a arte em geral, expõe realidades para além do que a gente pensa. E isso é bom pois nos impele ao questionamento do que aí está.

    Sou fã da literatura russa também.

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  5. Só não entendo por que as pessoas acreditam que existe um romance entre o Humbert e a Lolita. Não consegui ver isso no livro em momento algum...

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    1. Realmente, Eduarda. O autor deixa bem claro que Humbert era um doente e Lolita sofria abuso.

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