quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meu amor pelo "O Pequeno Príncipe"


Alguns anos atrás, uma Miss Brasil declarou que estava lendo "O Pequeno Príncipe", isso foi motivo de chacota, como uma adulta pode declarar que está lendo um livro de criança?  Não sei se é porque sou sempre do contra ou porque sou kidult, eu gostei de saber que ela estava lendo, para mim, se ela captou a mensagem, ela seria uma pessoa solidária, amável e agradável.
Já li livros de 900 páginas, muitos escritores famosos de diversas nacionalidades, dos clássicos aos contemporâneos, mas se me pedirem para fazer um top 5 de livros, eu incluiria "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, valorizo acima de tudo a mensagem que um livro quer passar, e esse, com uma linguagem ingênua, simples e com poucas páginas, você se emociona com a profundidade da mensagem. Ler em várias fases da vida é importante para entender uma obra, quando eu li aos 10, achei bonitinho, encantei pela viagem aos planetas, pela flor solitária, mas não entendi a mensagem sobre o essencial, aos 20 eu era muito prepotente e egoísta para valorizar os sentimentos, aos 30, quando você já apanhou mais da vida,você está tão sozinho quanto o príncipezinho quando chegou no deserto, você entende o que é cativar e ser cativado, entende o que é essencial.

Dedicatória:

eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças (mas poucas se lembram disso).

O bloqueio e a frustração logo na infância impostos pelos pais, parentes próximos e professores:

As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.

Quando o ter é mais importante que o ser:

As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas? "Mas perguntam:
"Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo.
Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado. . . " elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"

Quando a seriedade sobrepõe aos sentimentos:

- Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: "Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!" e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!

Cuidar de flor é igual cuidar de gente:

"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava ... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."

Conselho do rei solitário:

Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.

Sobre O homem vaidoso:

Os vaidosos só ouvem os elogios

Encontro com a raposa no planeta Terra:

Príncipe: Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços".
Raposa: Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.
Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste. Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos, Se tu queres um amigo,cativa-me!
Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Conselho do guarda-chaves:

- Só as crianças sabem o que procuram, disse o principezinho. Perdem tempo com uma boneca de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando a gente a toma ...
- Elas são felizes ... disse o guarda-chaves.

PS: As frases em rosa eu vou tatuá-las na versão original em francês para nunca esquecer.

Não é fofo? Eu adoro!

2 comentários:

  1. Realmente é um livro lindo, poetico e carregado de verdades tão simples que é muito facil perde-las pelo caminho... Boa a ideia da tatuagem...

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  2. e um livro legal e interessante para crianças lerem

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