sábado, 27 de fevereiro de 2016

Mulheres na direçao: Anna Muylaert (Brasil)



Ana Muylaert, tem 51 anos, é paulistana, formada pela Escola de Comunicaçao e Artes-USP, diretora, roteirista, produtora e um dos grandes nomes do cinema nacional. 

Em uma entrevista para revista semanal francesa,Télérama, ela conta as dificuldades de ser uma cineasta no Brasil, os homens do meio nao valorizam as mulheres, mesmo ganhando varios prêmios ao longo da carreira, eles nao manifestam interesse pelos projetos dela. "O cinema é um clube masculino e as mulheres sao excluidas".
Ao ser perguntada se por ter uma mulher presidente no pais, mudou alguma coisa para as cineastas, ela respondeu que 2 meses apos ser eleita, a presidente organizou uma recepçao para em média 40 cineastas mulheres do pais, coisa que nenhum presidente homem tinha feito antes. Os colegas homens ficaram furiosos, pois acham que elas nao devem ser levadas a sério e que a presidente nao passa de uma gorda, mal-vestida e despenteada (xingamentos de quinta série, peloamor!). Porém a reuniao foi historica e impactou enormente todas as mulheres presentes.

Eu ja assisti aos 4 longa-metragens e um curta dirigidos por ela, sao eles:

A origem dos bebês segundo Kiki Cavalcanti - curta (1995)

Kiki Cavalcanti tenta explicar para os coleguinhas da escola como sua mae ficou gravida. É bem engraçadinho, a menina é uma fofa. Esta diponivel no Youtube, assistam!


Durval Discos - Tudo na vida tem um lado A e um lado B (2002)

Durval é proprietario de uma loja de discos de vinil, no bairro de Pinheiros, bem na época que apareceu o CD e ninguém se interessava por LPs, mas ele era teimoso e mantinha o estabelecimento aberto. Morava com a mae e apos a chegada da empregada Célia, a vida deles viram de cabeça para baixo. É um filme tragicômico, com um final inesperado (o lado B da vida), uma otima trilha sonora MPB, a participaçao especial da Rita Lee, atores otimos: Durval (Ary França), Etty Fraser, Marisa Orth, Leticia Sabatella.





É proibido fumar (2009)

Baby (Gloria Pires) é uma professora de violao, da aulas em seu apartamento onde vive sozinha e é fumante. Max (Paulo Miklos) é um musico e muda para o apartamento vizinho. Ela se interessa por ele, começam a sair, ela decide parar de fumar, vai para a terapia em grupo para se livrar do vicio e aprende o mantra: "O cigarro parece meu amigo, mas é meu inimigo". So que acontece uma reviravolta tragicômica na historia e que se dane, o negocio é lidar com o inimigo que nem é mais o cigarro.
Como de praxe, é um filme simples, mas com otimos atores, participaçao especial da Pitty, tem musica boa e muita doideira.


E além de tudo me deixou mudo o violao (2012)

Erica tem 14 anos, é filha de uma mae inglesa e um pai brasileiro, estuda no colégio britânico e suas notas começam a despencar, ela tem que lidar com o alcoolismo da mae e fazer os deveres domesticos (lavar, passar, cozinhar, fazer compras). A unica diversao que encontra é aprender a tocar violao.


Que horas ela volta? (2015)

Bem, este filme nao precisa de apresentaçoes, nao é mesmo? Ganhou prêmio em Sundance (EUA) e no Festival de Berlim. Fala de sociedade classista brasileira, que trata empregada como escrava. Segundo a entrevista dada à revista Télérama, a diretora afirma que foi criada pela empregada, era ela que a acordava e dava o café da manha, coisa que sua propria mae nunca fez, era como o Fabinho (personagem). O titulo do filme em francês é "Uma segunda mae", porque era a empregada que cuida do filho dos outros, dorme no emprego e abre mao dos proprios filhos. A diretora fala também da importancia do PEC para as domésticas e da mentalidade da nova geraçao em relaçao ao sistema classista brasileiro (a geraçao Jéssica). Que filme foda!!!!! Regina Casé e Camila Mardila arrasaram, ainda tem a Helena Albergaria, da Cia. do Latao (o meu grupo de teatro preferido de Sampa).


Eis aqui uma entrevista que a diretora deu para o programa Metropolis, sobre o filme.


Veja também:
Mulheres na direçao: Catherine Breillat (França) - parte 1
Mulheres na direçao: Sarah Gavron (Inglaterra) 
Mulheres na direçao: Lucía Puenzo (Argentina)

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow (1626 filmes cadastrados e 157 assistidos até o momento).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Livro+minissérie+filme: Razao e Sensibilidade, de Jane Austen

"Razao e Sensibilidade", escrito pela autora inglesa Jane Austen, foi publicado em 1811. Narra a historia de duas irmas: a mais velha, Elinor (razao), de 19 anos, inteligente, reservada, leitora voraz, observadora, equilibrada e que sabe controlar suas emoçoes. Marianne (sensibilidade), irma do meio, 17 anos, gosta de poesia, de musica, é sentimental demais, ama demais, vive tudo com muita intensidade. 
Apos a morte do pai, Henry Dashwood, sua esposa e filhas sao privadas do direito à herança e dependem do meio-irmao John para sustenta-las. John é casado com Fanny Ferrars, uma mulher egoista que acha que o marido tem que pensar no bem-estar do filho deles antes de ficar dando dinheiro para as Dashwood.
Elinor gosta do Edward, irmao de sua cunhada megera, a Fanny. Ele é inteligente, mas sem ambiçao, diferente dos outros homens que queriam um casamento com mulheres de familias abastadas e nao com mulheres pobres.
Marianne gosta Willoughby que diferente de Edward, é um vilao, sedutor, egoista, ambicioso e prefere casar com uma mulher rica apenas para manter seu status social. Neste caso, o amor é o que menos importa. Além disso, tem o coronel Brandon, um homem de 35 anos, rico, todo certinho, mas sofre de caimbras e reumatismo, é apaixonado por ela também.
"Marianne odiava toda dissimulação quando nenhuma verdadeira desgraça poderia justificar a falta de franqueza. E empenhar-se em reprimir sentimentos que não eram em si mesmos censuráveis, parecia-lhe um esforço desnecessário, além de uma lamentável submissão da razão às noções convencionais e ao senso comum".
"Será que não devemos nada a um homem que nos deu tantos motivos para amá-lo e nenhuma razão no mundo para pensar mal dele? "
"Como é fácil para aqueles que não sofrem falar para os outros se esforçarem!"

Como é de praxe nas obras de Austen, tudo gira em torno de dinheiro e casamento (por amor ou por interesse), as mulheres so falam de homens (nao passaria no teste Bechdel), tem umas mulheres fofoqueiras, intrometidas, encrenqueiras, rolava uma rivalidade entre as Dashwood (as inteligentes) e as Steel (as vulgares). Porém, temos que levar em consideraçao a época em que foi escrito, entender o contexto social, os costumes, as limitaçoes das mulheres na sociedade sob o poder patriarcal, pois dependiam financeiramente do pai, do irmao ou do marido para sobreviverem. Ou quando eram viuvas, como a mae do Edward e a tia do Willoughby, mandavam na vida dos supostos herdeiros, ditando o que eles deveriam ou nao fazer, com quem eles deveriam casar, sob ameaça de nao repassar o dinheiro se desobedecessem.
Sugiro também a leitura do ensaio "Um quarto so seu", da Virginia Woolf, que explica bem como era ser mulher e escritora na época da Austen. 
"Razao e Sensibilidade" foi o livro de estreia da Jane Austen na literatura, ela nem sequer colocou seu nome, publicou anonimamente.
A maioria das pessoas gosta do desfecho da historia da Marianne, talvez porque seja o mais certo, o mais moralista, eu senti foi pena dela (#aloka). Também nao me simpatizo nem um pouco com o coronel por mais bonzinho que ele seja.
Ja Elinor e Edward #Eliward = #relationshipgoals. A razao é essencial para se dar bem na vida, aprendam!
Gosto de Jane Austen, ela nao esta no top 5, nem no top 10 das minhas autoras preferidas, mas é sempre um prazer lê-la.

Minissérie 



Assisti à minissérie de 3 episodios, "Sense and Sensibility" (2008), dirigida por John Alexander e transmitida pela BBC, de Londres. É super fiel ao livro, os atores e atrizes sao otimo(a)s. Adorei!

Filme

Assisti também ao filme Razao e Sensibilidade (1995), dirigido por Ang Lee. É claro que fica dificil para o filme ser 100% fiel ao livro, mesmo sendo longo (mais de 2h), faltaram alguns personagens e muita coisa foi explicada bem por cima. Outros pontos a serem mencionados:
As idades dos atores do filme nao condiz com as idades dos personagens do livro. Emma Thompson nao tinha 19 anos, Kate Winslet nao tinha 17, nem Hugh Grant tinha 24. Porém, isso nao muda nada, as atuaçoes deles sao maravilhosas.
A Marianne do livro é morena de olhos negros, mas no filme e na minissérie ela foi representada por atrizes loiras.
Tinha a pele morena, mas sua transparência lhe dava um brilho extraordinário, suas feições eram todas belas, seu sorriso doce e atraente e em seus negros olhos havia vida, espírito e uma vivacidade que não poderiam ser contemplados sem prazer. 
No livro, Marianne gosta dos poetas ingleses Walter Scott, William Cowper e Alexander Pope, ja no filme ela lê os Sonetos de Amor, do Shakespeare.
No filme nao tem a personagem Nancy Steele, so a Lucy.

Filme é filme e livro é livro nao é? E o filme é otimo, adoro! A fotografia, o figurino, o cenario, aquelas paisagens pitorescas da Inglaterra, os atores, a direçao sao perfeitos.

Eliward ♥
As Dashwood

Marianne e Willoughby
Thomas Palmer é o cara chato da historia, esnobe, mal humorado, vive dando patadas na mulher. No filme esta muito bem representado pelo ator Hugh Laurie (Dr. House), ri demais com as caras e os comentarios que ele fazia.

Nem precisa ter inimigo, tendo uma amiga falsiane dessa (Lucy Steele)

Alan Rickman (RIP) foi o coronel Brandon
Quer saber qual personagem de Jane Austen você seria? Faça o teste aqui (em inglês). Eu sou Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito).

Esta leitura faz parte dos meus seguintes projetos:
Leitura sugerida em fevereiro para o Clube dos Classicos Vivos, do Goodreads.
Para o projeto Literatura na sétima arte (livro + filme)
Para o projeto #LeiaMulheres

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

hip hop girl: 4x Casey (França)


Cathy Palenne, conhecida com Casey, é um dos grandes nomes do Hip Hop/ Rap francofono, seus pais sao da Martinica e ela diz que seu trabalho nao é francês, é trabalho de uma filha de imigrantes que sempre sofreu preconceito na França. Na entrevista no final do post, ela declara que tem um jeito androgino, ninguém sabe se ela é homem ou mulher, diz que se fosse usar um vestido, sapato de salto ou esmalte seria a pior tortura da vida dela. Afirma que cada mulher é uma mulher do jeito que ela esta a fim de ser e nao que a sociedade quer impor. 
Ao ser questionada se o rap é um meio machista, ela responde que o rap é a imagem da sociedade, a sociedade é machista e o rap nao iria escapar disso.
Ela nao milita pelo feminismo, mas entende e se precisar apoia-lo, estara la. Também fala do feminismo negro e interseccional. Segundo ela, quando uma mulher negra e pobre for livre, todo mundo sera livre. 

Aqueles que me julgam dizem que eu deveria ter vergonha do jeito que eu me visto. 
Pergunta se sou menino ou menina,
querem saber em detalhes meu peso, minha altura e o modo de usar das minhas batalhas.
O que você pensa nao influencia minha maneira de ser. 
Aos incomodados, vao se foder! Me deixa aqui no meu planeta

Meu modo de vida nao esta à venda,
meu rap nao esta à venda
o que eu penso ou digo, nao esta à venda
E se você pensa que isso vai mudar, espera sentado.

O quê? Eu me acalmar?
Obedecer as leis do dinheiro sem reagir?
Ouro e safira nao sao suficientes para eu pagar tudo o que eu sofri

Nesta musica ela presta uma homenagem às Antilhas, terra de seus ancestrais, mostra como vivem os decendentes de escravos, a pobreza, o turismo, a cultura, a culinaria, a geografia, a colonizaçao, etc.

Esta musica fala da dificuldade de ser rapper e das coisas que escuta dos empresarios
Sua gramatica é instavel, improvavel e horrivel
Sua dicçao ultrapassa o estagio do admissivel
Aprenda a escrever ou aprenda a se calar
O quê? Na sua casa nao tem um dicionario?


Esta musica "criatura fracassada", fala de colonizaçao e racismo. Veja a letra aqui. Wow!!! Fuerte!

"Sonhos ilimitados"

Produto de uma mae exemplar e um pai ausente
meus primeiros versos no rap, um jogo adolescente
Minha historia é ser negra, logo minoria.
Essa grande timidez que me deixou solitaria

E o tempo nao vai matar minha personalidade,
ele vai tentar de tudo, mas eu vou lutar,
mesmo se depois de muito tempo eu estive possuida, atormentada
eu ultrapassei os farois e as barreiras de segurança.
Minha realidade, mentalidade, é de agarrar meu paraiso a tempo, 
sem arrependimento para fazer o tour da terra, eu nao tenho a eternidade.
Apesar de tudo, eu continuo sendo a criança com sonhos ilimitados.


Entrevista para BBC Africa (em francês)



Veja também:
Hip Hop Girl: 4x M.I.A. (Inglaterra)
Hip Hop Girl: 4x Ana Tijoux (Chile)
Hip Hop Girl: 4x Keny Arkana (França)
Hip Hop Girl: 4x Lauryn Hill (EUA)
Hip Hop Girl: 4x Karol Conka (Brasil)
Hip Hop Girl: Gabylonia (Venezuela)
Reggae / Hip Hop Girl: 5x Nneka (Nigéria)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Mulheres na direçao: Catherine Breillat (França) - parte 1


Catherine Breillat é francesa, tem 67 anos, é escritora, diretora, roteirista e produtora. Em 2005 ela sofreu um AVC que a deixou com o lado esquerdo do corpo paralisado. Este acontecimento foi tema do seu ultimo filme "Uma relaçao complicada" (Abus de faiblesse), conforme a descriçao a seguir.

"Uma relaçao complicada" Abus de faiblesse (2013) - Drama

A traduçao mais correta para este filme seria "Abuso de incapaz". Baseado em fatos reais, narra a historia da diretora que apos sofrer um AVC é chantageada por um cara que sempre esta extorquindo celebridades. Como ela esta em tratamento, tomando remedios fortes, ela age sem pensar e acaba assinando um monte de cheques para ele, seria um pagamento adiantado, ja que ela o queria em um filme que estava produzindo, mas ela nao se deu conta da quantidade de dinheiro que ja tinha dado, algo em torno de 800 mil Euros. 
No filme, a atriz que fez o papel da diretora foi a Isabelle Hupert, a interpretaçao foi magnifica, essa mulher arrasa como atriz, olha ela com AVC no trailer.


Este filme é meio cansativo, mas vale pela atuaçao da Hupert.


"A bela adormecida" (2010) - Fantasia

É uma versao bem alternativa do conto de fadas. Olha a fotografia e o figurino deste filme!

Neve e aurora boreal


A  Bela Adormecida e o Principe


Eu particularmente gostei bastante deste filme, achei lindo, mas para quem nao curte historias alternativas com um final inesperado e filmes longos, nao indico. Ele foi mal avaliado no Filmow, muita gente viu e nao gostou.

Barba Azul (2009) - Fantasia

Este filme é uma adaptaçao do conto popular homônimo, de Charles Perrault (1697). Barba azul era um homem rico, feio, de carater horrivel e feminicida, teve varias esposas que desapareceram misteriosamente. Até que ele conhece sua ultima esposa, uma menina pobre do vilarejo e antes de viajar, deixa as chaves do castelo com ela e pede para que nao abra uma porta em especifico, mas ela desobedece. O final é surpreendente e este é um dos melhores filmes da Breillart.


A ultima amante (2007) - Drama 

É baseado no romance homônimo de Barbey d'Aurevilly (1866). Sobre um homem que vai casar com uma mulher da aristocracia para manter as aparências e respeitar as convençoes sociais e religiosas da época, mas sera que ele vai conseguir ficar longe de sua amante que estao juntos ha mais de dez anos?
O filme é bem bonito, a fotografia, o cenario e o figurino sao impecaveis. A amante é ninguém mais, ninguém menos que a atriz e diretora Asia Agento.



Asia Agento linda de morrer!
Por enquanto é isso, mês que vem farei a parte 2 com os filmes eroticos da diretora.

Veja também:
Mulheres na direçao: Sarah Gavron (Inglaterra) 
Mulheres na direçao: Lucía Puenzo (Argentina)

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow.


Traduçoes de livros do português para o francês

Vou falar das traduçoes porcas, das ediçoes horriveis, do pouco caso das editoras e das bibliotecas com a literatura brasileira.
A melhor coisa é sempre ler o livro na lingua original, se possivel. Como diz o ditado: traduçao, traiçao. A gente perde muito da riqueza literaria lendo traduçoes. O ultimo exemplo disso foi dos dois ultimos livros que li: Americanah e A cor purpura. No post de Americanah até comentei que quando ela compara o inglês nigeriano com o americano e o da Inglaterra, em português nao faz muito sentido, acho que a frase deveria estar no original com traduçao no rodapé. O mesmo acontece com "A cor purpura" que foi escrito do jeito que os negros americanos sulistas falavam no começo do século XX, em português a gente perde isso (Eu li em português e em inglês). 

Infelizmente este topico nao é sobre a riqueza literaria da obra no original e sim sobre uma coisa bem mais simples que poderia ser evitada se os editores prezassem pela qualidade e respeitassem as obras e os escritores. Veja este livro traduzido para o francês, isto esta entalado na minha garganta ha mais de dois anos. Vamos aos exemplos ilustrados:


Eu peguei um livro da Hilda Hilst na biblioteca, ja na capa esta escrito "traduzido do brasileiro" e este nao é o primeiro livro que vejo escrito isto. Desde quando existe uma lingua brasileira? Que eu saiba a nossa lingua é portuguesa. Se quiser deixar mais especifico coloca "traduzido do português do Brasil", mas ai inventar uma lingua que nao existe é muita sacanagem. 
Agora para piorar, veja uma pagina inteira de errata, com os erros mais bestas, até um aluno do nivel basico de francês nao comete estes erros de escrita. Essas editoras nao têm um revisor nao? Que vergonha! Parece que foi traduzido no Google Tradutor.


Eu ja tive que enviar um email para uma livraria que descreveu na bio da Ana Cristina César que ela era de Portugal, sendo que ela era carioquissima.

Agora vamos para biblioteca. Como a Lygia Fagundes Telles esta concorrendo para prêmio Nobel de Literatura, pensei em ler alguns livros dela. Quando entro no site para ter mais detalhes do livro que escolhi, vi que colocaram a biografia da italiana Rosetta Loy no lugar da Lygia e ainda esta classificado como literatura italiana. Mano, que odio no coraçao! Prometi que nunca vou ler um livro brasileiro em francês, porque nao estou a fim de passar raiva, também nao vou mandar mais emails para eles corrigirem as merdas nao, a nao ser que queiram me contratar, eu que nao vou fazer um trabalho de graça para eles.

clique na imagem para ampliar
O negocio é comprar o e-book em português mesmo porque ninguém merece essas porqueiras.
Recado aos editores: se for fazer serviço porco, melhor nem fazer, nao queimem o filme dos nossos amados escritores, por favor! 
Recado aos bibliotecarios: prestem atençao na hora da descriçao, Lygia e Rosetta, mas nem os nomes sao parecidos, for God sake!
Obrigada. De nada.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Leitura: Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie (parte 2)

Dando continuidade ao post anterior, vou falar de outros topicos abordados no livro.

Fica pianinho, sua opiniao pode complicar as coisas


No post anterior, a personagem estranhou a submissao do imigrante que age como uma ovelha obediente. Muitas vezes, se o expatriado reclama de alguma coisa ou tem uma visao critica de uma situaçao, ele pode ser mal interpretado e ainda escutar, nao so das pessoas locais, mas do proprios conterraneos: Volta para sua terra se nao esta gostando! Para evitar esse tipo de comentario, melhor ficar calado e fingir que esta tudo bem ou crie um blog, como fez a personagem e um monte de expatriados, ou ainda, vai ser rapper como algumas meninas que estou postando no Hip Hop Girls, curiosamente a maioria delas é imigrante ou filha de imigrantes.
Se você é negro(a) nos EUA, a situaçao é mais bizarra ainda: 
Se você for mulher, por favor, não fale o que pensa como está acostumada a fazer em seu país. Porque, nos Estados Unidos, mulheres negras de personalidade forte dão medo. E, se você for homem, seja supertranquilo, nunca se irrite demais, ou alguém vai achar que está prestes a sacar uma arma.

Doenças de primeiro mundo: Depressao e suicidio

Foi um assunto discutido no livro em dois momentos, pois a personagem achava que era "doença de branco" e que imigrantes como ela nunca seriam antigidos por esses problemas.

Nao sei se era a depressao sazonal, a pressao, a ansiedade ou tudo junto, ano passado e retrasado estava péssima, nao tinha forças para levantar da cama, até para tomar banho era dificil, nem me olhava no espelho, chorava por tudo, sentia-me uma inutil, entrei numa crise bem bad vibe que estou me recuperando até hoje, evitei até vir aqui blogar. Isso nao começou no Canada, tenho desde a infância, aos 8 anos de idade eu queria morrer, nao é normal uma criança desta idade ter esse tipo de pensamento. Na adolescência foi pior, nao conseguia me enturmar na escola, nao tenho quase nenhuma foto desta época, minha mae tem até algumas, mas nem olho porque foi meio traumatico. Todas minhas crises vieram apos alguns acontecimentos externos e eu nao sabia como lidar com eles, eu sempre fui muito sensitiva. Entre 20-30 anos a vida foi mais serena, so tive uma crise e foi a pior de todas, eu nao conseguia nem comer, parecia que a comida inchava na minha boca e nao conseguia engolir. Foi a primeira vez que meu olho direito tremeu involuntariamente. E ano passado aconteceu a mesma coisa, eu estava tensa, ansiosa e meu olho começou a tremer, ai eu ja sabia que a merda tinha recomeçado.
Minhas crises vêm depois que eu faço mais do que eu dou conta, quando me sobrecarrego demais, quando quero ser Super Woman. Nao quero que meu filho me veja triste, tenho que chorar escondida no banheiro, quando ele nao esta em casa, tenho que fingir que esta tudo bem o tempo todo, tenho que me submeter a coisas que nao queria submeter-me, estar no meio de pessoas que nao me sinto à vontade. Nao tenho money para terapia. É foda! A unica inveja que eu tenho é de gente que vive de boas, da conta de tudo e nao reclama de nada, sente-se bem em qualquer ambiente. Para quem eu tenho que vender a alma para conseguir isso? Juro que vendo.
Como eu me sinto quando quero me encaixar na turma: Chris Martin no Super bowl entre a Beyoncé e o Bruno Mars.

Como a familia e os amigos pensam sobre o pais que o imigrante esta morando

Seu pai emitiu um som de respeito admirado. “Os Estados Unidos são um lugar organizado e as oportunidades de emprego são abundantes aí.”
Isso me lembrou o texto da Laura Peruchi, "Coisas que escuto quando digo que moro em NY"

Ele sabia das muitas histórias de amigos e parentes que, à luz crua da vida no exterior, se tornavam versões não confiáveis e até hostis de si mesmos. Mas o que acontece com a teimosia da esperança, com a necessidade de acreditar que somos excepcionais, que essas coisas acontecem com outras pessoas, cujos amigos não são como os seus?

A famosa consultoria de emprego da faculdade ahahahaha, no Canada é igual, até hoje nao entendi para quê serve isso.

Quais são suas perspectivas de emprego?”, perguntou o pai. Sua formatura estava se aproximando e seu visto de estudante ia vencer.
“Eles designaram uma consultora de carreira para mim e vou me encontrar com ela na semana que vem”, disse Ifemelu.
“Todos os alunos que vão se formar têm um consultor designado?”
Têm. Eles conseguiram bons empregos para muitos alunos”, disse Ifemelu. Não era verdade, mas era o que seu pai esperava ouvir. A sala de consultoria de carreira, um espaço abafado com pilhas desoladas de arquivos sobre as mesas, era conhecida por ser repleta de consultores que liam currículos, pediam que você mudasse a fonte ou a formatação e lhe davam contatos antigos que nunca ligavam de volta.
Zoando os gringos que nao sabem nada da sua cultura

Depois, Ginika disse: “Você podia ter dito que Ngozi é seu nome tribal e Ifemelu é seu nome da selva, e ainda ter inventado mais um nome e dito que era seu nome espiritual. Eles acreditam em qualquer merda sobre a África”

Mano, sério. Cada coisa que meus ouvidos ouviram que nao sabia se ria ou se chorava. Tem uns que pensam que Brasil é apenas o Rio, com praias e mulheres bonitas. Outros pensam que o Brasil é a floresta Amazônica e a gente veio da selva. Aqueles que te olham surpresos e perguntam: Onde você aprendeu a falar francês? Como se no Brasil nao tivesse escola de idiomas, faculdades, etc.
Lembrei de um francês que foi ao Brasil e me falou: "Nossa no Brasil tem McDonalds, Subway, Carrefour, tem até Toblerone!". Procevê meu querido, a civilizaçao esta até prafrentex no Brasil, nao é mesmo? A Nilian me contou que quando falou que era espirita para mulher, ela perguntou se isso era magia negra. Porque né? Nao basta vir de um pais "exotico", tem que ter uma religiao trevosa.
Grupo de brasileiras em um ritual de magia negra no Québec kkkkk
A prova que nao estou mentindo
Sem falar do meu vizinho que pensa que latino-americano é tudo traficante de drogas, para ele Colômbia, México e Brasil sao a mesma coisa, espanhol e português idem. Toda vez que encontra a gente, ele fala de cocaina e de Pablo Escobar. Para fechar com chave de ouro, ele nos presenteou com um CD de marimba, do México, escuta aqui para saber do que se trata. WTF!
Olha minha gente, eu nao sei se esse cara esta de zoeira ou se ele é ignorante a esse nivel, nao sei quando termina a ignorância e começa o preconceito. Um dos problemas em uma nova cultura, é que fica dificil de captar as sutilezas, as piadas, os duplos sentidos, a gente nunca sabe se é uma brincadeira ou se a pessoa esta falando sério.

 “Ser uma filha do Terceiro Mundo é ter consciência de diversas instâncias e de como a honestidade e a verdade sempre vão depender do contexto.”

As pessoas do Terceiro Mundo e a ostentaçao que falamos na parte 1 e o amor por coisas novas.

“Quando comecei a trabalhar no setor imobiliário, pensei na hipótese de reformar casas velhas em vez de demoli-las, mas não fazia sentido. Os nigerianos não compram casas porque elas são antigas. Como um celeiro de moinho reformado de duzentos anos, sabe, o tipo de coisa da qual os europeus gostam. Isso não funciona aqui de jeito nenhum. Mas é claro que isso faz sentido, porque somos do Terceiro Mundo, e pessoas do Terceiro Mundo olham para a frente, nós gostamos que as coisas sejam novas, porque o que temos de melhor ainda está por vir, enquanto no Ocidente o melhor já passou, então eles têm de transformar esse passado num fetiche.”
Namorar gente de outra cultura

“O problema de namorar uma pessoa de outra cultura é que você passa muito tempo se explicando. Meu ex-namorado e eu passávamos muito tempo nos explicando. Eu às vezes me perguntava se teríamos alguma coisa para dizer um ao outro se fôssemos do mesmo lugar”.
Ela também fala sobre namorar com um africano, um afro-americano e um americano branco e quais sao as diferenças e similaridades entre eles.

Essas foram minhas anotaçoes com comentarios pessoais sobre o livro. Recomendadissimo!

Reggae / Hip Hop Girl: 5x Nneka (Nigéria)

Nneka nasceu na Nigéria, tem 35 anos, seu pai é nigeriano, sua mae é alema e ela vive entre os dois paises: Nigéria e Alemanha.
Depois de ler Americanah e ver os clipes da Nneka, fiquei mais ambientada com a Nigéria, posso visualizar o que era relatado no livro.




Heartbeat é a minha preferida

Veja também:
Hip Hop Girl: 4x M.I.A. (Inglaterra)
Hip Hop Girl: 4x Ana Tijoux (Chile)
Hip Hop Girl: 4x Keny Arkana (França)
Hip Hop Girl: 4x Lauryn Hill (EUA)
Hip Hop Girl: 4x Karol Conka (Brasil)
Hip Hop Girl: Gabylonia (Venezuela)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Lana Del Rey is back

Pantone Rosa Quartz + Serenity
O novo clipe "Freak", da Laninha, ta fofo com as cores Pantone 2016.
O tema recorrente dos clipes dela é o suicidio, desta vez é sobre uma seita que todo mundo morre unido e de forma serena no final.
O que dizer desta fotografia? Parece que saiu de um Tumblr de tao linda.







Baby, if you wanna leave
Come to California
Be a freak like me, too
Screw your anonymity
Loving me is all you need to feel
Like I do
We could slow dance to rock music
Kiss while we do it
Talk 'til we both turn blue

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Mulheres na direçao: Sarah Gavron (Inglaterra)


Fiquem de olho nesta mulher porque ela é sensacional. Assisti seus dois filmes: "Um lugar chamado Brick Lane" e "As sufragistas". Os temas recorrentes em sua filmografia sao a condiçao feminina e o feminismo.

As sufragistas (2015) - Drama

O filme é baseado em fatos reais, a personagem principal é Maude (Carey Mulligan) que perdeu a mae muito jovem e desde criança trabalhava em uma lavanderia, era casada com um homem inutil e tinha um filho. No começo ela nao entendia o que as sufragistas estavam fazendo ao reinvidicarem o direito ao voto feminino na Inglaterra, mas depois de ver tanta injustiça ao redor, as mulheres que trabalhavam com ela sendo humilhadas, sofrendo assédio sexual e mal-remuneradas, ela decide participar do movimento. Para participar, tinha que pagar o preço de apanhar da policia, perder o apoio do marido, ser presa, manifestar nas ruas, explodir coisas, ou seja, abrir mao de tudo em nome de uma causa maior.
É um filme dolorido, fazia tempo que eu nao chorava tanto, desaguei apenas. Talvez juntou com tudo que estou lendo sobre a historia das mulheres, com coisas que ja vivi, com tantas injustiças e violência que a gente vê ainda hoje e esta longe de acabar, tudo isso me deixou mal por dias.
As atrizes estao otimas e sem maquiagem. Recomendadissimo!
Infelizmente este filme foi mal distribuido nos cinemas, em Québec o horario que fui era segunda-feira, às 13h, privilégio para aposentados e desempregados. E todos os outros horarios eram parecidos com este, durante os dias de semana, em horario comercial.



Brick Lane (2007) - Drama

Nazneem e Hazina sao duas irmas de Bangladesh que apos o suicidio da mae, suas vidas passam a ser controladas por homens. Nazneem casa-se (casamento arranjado) aos 18 anos com um homem mais velho que mora em Londres onde ela também vai morar, especificamente na rua Brick Lane e acaba deixando sua irma para tras. Ela passa a ter uma vida de mae e dona de casa, vive isolada do mundo, sai apenas para fazer compras. Sua unica motivaçao é trocar cartas com sua irma e sonha em voltar para Bangladesh. Um dia seu marido perde o emprego e ela decide a costurar roupas para cooperar financeiramente em casa. Apenas pelo fato de que ela poderia ganhar dinheiro por si mesma, ela também poderia ser dona de seu proprio destino, sem intervençao masculina. Tem o livro homônimo, escrito pela Monica Ali, que pretendo ler, pois ando interessadissima em historias de ficçao e nao-ficçao sobre imigraçao.


Os meninos do canal "Londres na Lata" fizeram um otimo video sobre a rua Brick Lane e fiquei pensando no contraste com o filme. Como um lugar pode ser tao bacana para uns e tao dificil para outros? Eles falam meio por cima sobre aquelas fabricas de tecidos, mas a personagem Nazneem que costurava para essas fabricas e vivia escondida dentro de casa sem participar de toda essa efervescência cultural, historica e gastronômica da rua, sera que ela falaria com a mesma motivaçao? Tudo depende de varios pontos de vista, nao é? Pessoas podem estar no mesmo lugar, com sentimentos diferentes. Seneca explica em uma das cartas que escrevia para Lucilio que o problema nao é lugar, é o estado de espirito em que a pessoa se encontra, vc pode estar no pais mais lindo do mundo e sentir invisivel e derrotado ou pode estar em um lugar perigoso, porém feliz e realizado e vice-versa: 

"Deves mudar a alma e não o lugar" 
"Tu corres de um lado para o outro para livrar-te do peso que te aflige. Essa própria agitação torna-o pior. 
"No entanto, quando tiveres te livrado do mal, qualquer viagem será agradável. Poderás ser exilado para os confins da terra, e em qualquer canto perdido dos países bárbaros aonde terão te levado haverá sempre para ti um lugar acolhedor"



Veja também:
Mulheres na direçao: Lucía Puenzo (Argentina)

Minha lista "Mulheres na direçao" no Filmow.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Leitura: Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie (parte 1)

Terminei a leitura do livro "Americanah", da escritora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adichie. (Para um resumo mais pratico, leia no site da editora porque vou comentar alguns topicos).
Antes de tudo, se você lê em inglês, leia no original, fiz a besteira de comprar o e-book em português e me arrependi, eu acho que perde a graça porque ela compara o inglês americano com o nigeriano ou com o da Inglaterra e lendo em português, a gente perde o que eles estao realmente falando, o jogo de palavras nao faz sentido. Quero relê-lo em inglês mais para frente.
É um livro com uma leitura super fluida, li-o em 4 dias e tem quase 500 pags.
Eu recomendo nao so para quem é interessado por literatura africana, estudos sobre racismo, mas também para quem é imigrante e é sobre isso que eu vou focar, porque como imigrante, eu concordava com um monte de coisas que ela dizia, o famoso choque cultural, tanto que uma frase deste livro virou um post aqui.
Ela fala de dois tipos de imigraçao: a da personagem Ifemelu que foi legal para os Estados Unidos estudar e a ilegal do Obinze, seu namorado, para Londres. Vemos o contraste e as dificuldades que os dois enfrentam em lugares diferentes e condiçoes diferentes.
Outro assunto abordado é sobre a diferença entre um africano que mora nos EUA e os afro-americanos. 
Ela também fala da condiçao feminina na Nigéria e nos EUA, como é ser mulher nos dois paises, sobre tradiçoes, conservadorismo, religiao, sexualidade, etc.
A mãe dele pediu-lhe que entrasse no quarto e sentasse na cama.“Se acontecer alguma coisa entre você e Obinze, vocês dois serão responsáveis. Mas a natureza é injusta com as mulheres. Um ato é cometido por duas pessoas, mas, se há consequências, apenas uma sofre. Está me entendendo?“Sei que você é uma menina esperta. As mulheres são mais sensatas que os homens, e você terá que ser a mais sensata dos dois. Convença-o. Vocês dois devem concordar em esperar, para que não haja pressão.”
É Nigéria, mas poderia ser Brasil e até Canada, porquoi pas? Puxa-saquismo é universal e quem nao sabe puxar-saco, so se ferra (meu caso):
"Vivemos numa economia de puxa-saquismo, sabia? O maior problema deste país não é a corrupção. O problema é que há muitas pessoas qualificadas que não estão onde deveriam estar porque não puxam o saco de ninguém, ou porque não sabem que saco puxar ou porque nem sabem como puxar um saco". 
No trecho abaixo, é sobre a tia de Efemelu, uma médica que foi para os EUA antes dela e quando se reencontraram, ela nao estava reconhecendo a tia Uju, na Angola era uma mulher orgulhosa, cheia de opinioes e nos EUA era submissa, aceitava tudo que impunham a ela, era desleixada com a aparência. 
A América a deixara submissa. Obinze dizia que era a gratidão exagerada que vinha com a insegurança do imigrante.
Vi isto também em um filme franco-português, chamdo "A gaiola dourada", o casal portugues imigrou para França, o homem trabalha na construçao civil, é um otimo funcionario, sempre prestativo e o patrao abusa da bondade dele. Como diz a outra: Trop bon, trop con! (muito bom, muito besta!). A mulher trabalha de zeladora em um prédio, limpava as escadarias, os apartamentos, trabalha no jardim e ainda escuta desaforos das velhas do prédio. Sera que em nossa terra natal a gente aguentaria certos desaforos? A gente se submeteria a umas coisas que sao contra a nossa essência? Ficamos irreconheciveis? Os filhos deles que tinham nascido na França e estavam super integrados, tinham até vergonha dos pais.


Choque cultural: maneiras de se vestir. 
As roupas dos estudantes daquela festa eram de tecidos esfiapados e golas largas, parecendo gastas de propósito. (Anos mais tarde, ela escreveria um post para o blog dizendo que, quando a questão é se vestir bem, a cultura americana é tão satisfeita consigo mesma que não apenas tem uma falta de atenção com a cortesia de uma boa aparência como transformou essa falta de atenção numa virtude. “Somos superiores/ocupados/malandros/relaxados demais para nos importarmos com nosso aspecto aos olhos dos outros, por isso podemos usar pijamas para ir à escola e roupa de baixo para ir ao shopping.”)
Essa da roupa desleixada é a que eu mais amo, adotei para mim, posso usar crocs na rua, a camiseta que nao serve mais para o meu filho, se o cabelo esta zuado, meto um boné ou uma toca, fico parecendo uma gangster latina, mas aqui ninguém liga para visual e eu tenho mais o que fazer do que ficar me emperiquitando para os outros. Também acho que pessoas de paises pobres, nao gostam de ter aparência de pobre, de estar mal-vestido. É so ver na faculdade, os africanos e os latinos sao os mais arrumados, enquanto a galera local ta nem ai. Pelo livro, da para perceber que africano gosta de ostentaçao e pela minha experiência, no Brasil também, eita povo que adora ostentar marcas!

Outro topico, negar a propria cultura: achar musicas, filmes, eventos culturais, sociais do pais de origem uma merda e idolatrar as gringas, como se fossem melhores.

Continua em outro post, porque refletir sobre imigraçao da muito pano pra manga...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Programaçao de fevereiro: Black History Month

Fevereiro é o Black History Month na América do Norte. É uma otima oportunidade de participar e discussoes, de palestras, de ler livros e de se informar mais sobre a condiçao dos negros. Esses dois livros citados abaixo explica muito bem, nao so a condiçao dos negros, mas principalmente da mulher negra na América do Norte. Para quem se interessa pelo assunto, começar por esses dois livros ja da uma boa base.

Leituras



Para o clube da Emma Watson, para o Projeto Literatura na sétima arte e #LeiaMulheres, li "A cor purpura", da Alice Walker, farei um post mais para frente.


Para o #LeiaMulheres e o Forum das Bastardas, li o Americanah, da Chimamanda Ngozi Adichie. Também farei um post mais para frente, mas sugiro que todos os expatriados leiam, pois a gente se indentifica muito com a personagem. Este livro vai virar filme em breve.

Evento

Para quem esta na Ville de Québec, todos os anos tem o evento "Québec au rythme des musiques du monde", promovido pelo Centre Rire 2000, eu vou todos os anos. É de graça, mas tem que se inscrever no site antes.

Filme


Hella Joof - diretora dinamarquesa
Assisti a um comédia dinamarquesa, chamada "All inclusive", dirigida pela Hella Joof (até na Dinamarca, pais majoritariamente branco, tem diretora negra e no Brasil tem alguma?)

Uma senhora, apos separar-se do marido, parte com suas filhas para Malta para comemorar seu aniversario de 60 anos. As duas irmas sao muito diferentes, a mais velha é toda certinha e moralista e a mais nova é toda doida e tenta levar a mae para o mau caminho. So achei esse trailer em dinamarquês, nao da para entender nada, mas da para ver como é o ambiente em Malta e as caras das atrizes. É super divertido, recomendo para aqueles momentos que a gente de leveza na vida e de rir um pouco mais.



Youtube (em inglês)

The Great Griot é um canal que conta a historia dos negros pelo mundo. Neste video, Carter explica o porquê de comemorar o Black History Month

Ela também deu a melhor aula sobre o Quilombo dos Palmares que ja vi, em 8 min.


A Dee é americana, mas mora ha mais de 20 anos na França, fala sobre diversidade na literatura e indica varios livros escritos por autore(a)s negro(a)s.


A Ba fez um video indicando alguns afro-american authors.



Musica

Vocês viram o novo e polêmico videoclipe da Queen Bey? Arrasou. Ainda cantou no Super Bowl, um dos eventos esportivos de maior audiência. Mandou um recado para os haters, se fosse em português seria mais ou menos assim o resumo: sou rica, meu bem! O Bill Gates negro. Posso ostentar, sou uma estrela. Sai da gueto, mas o gueto nao sai de mim, tenho orgulho das minhas raizes, eu trabalho duro e me esforço até conseguir e os crocodilos albinos inconformados acusam-me de ser Iluminati. Gosto do cabelo afro da minha filha e do meu nariz com ventas largas.
Ok, rainha! É tu que manda nessa porra toda, a gente so concorda.
Nao consigo parar de ver e rever. A historia racial no EUA é muitissimo complicada. E este clipe é cheio de referências politicas e sociais: mostra ela se afogando em cima de um carro da policia na época do furacao Katrina, ao movimento Black Panthers, Black Lives Matters, o assassinato de Martin Luther King, Malcom X e o Free People of Color (ex-escravos que enriqueceram no Sul).

Y'all haters corny with that Illuminati mess 
Paparazzi, catch my fly, and my cocky fresh
I'm so reckless when I rock my Givenchy dress (stylin')
I'm so possessive so I rock his Roc necklaces
My daddy Alabama, Momma Louisiana
You mix that negro with that Creole make a Texas bama
I like my baby heir with baby hair and afros
I like my negro nose with Jackson Five nostrils
Earned all this money but they never take the country out me
I got a hot sauce in my bag, swag
...
I see it, I want it, I stunt, yellow-bone it
I dream it, I work hard, I grind 'til I own it
I twirl on them haters, albino alligators

Quem dirigiu o clipe foi a greco-cubana-jamaicana Melina Matsoukas (ela tem um Instagram muito fofo, com varias fotos no Brasil, nas favelas do Rio). Além de alguns clipes da Beyoncé, ela dirigiu clipes da Rihanna, Lady Gaga, Whitney Houston, Christina Aguilera , Jennifer Lopez, etc.

É isso!