sábado, 16 de julho de 2016

Ganhadoras do Nobel de literatura: Alice Munro

Alice Munro

Terminei a leitura do livro de contos "Fugitiva", da escritora canadense Alice Munro, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2013.
Escolhi este livro por dois motivos: faz parte do meu projeto de ler as ganhadoras do Nobel e pelo novo filme do Almodovar que foi baseado nesta obra, quem acompanha esse blog sabe que nao perco nenhum filme do Almodovar, entao li o livro antes para ver a adaptaçao cinematografica depois.


Eu nunca tinha lido Alice Munro (shame on me!) e foi amor à primeira vista. Seus contos sao classificados na literatura como realismo psicologico, assunto que muito me interessa. Adoro as descriçoes que ela faz dos personagens, todos femininos, as descriçoes do cenario e das paisagens de cidadezinhas do Canada. Fugir para se encontrar ou nao...
Eu, eterna fujona, identifiquei-me com as fugitivas, as mulheres indo de uma cidade para outra por varios motivos, mulheres on the road



Este livro é divido em 8 contos: 
"Fugitiva": O que dizer de Carla? Às vezes a pessoa tem que fugir para perceber que era melhor nao ter fugido e voltar arrependida. PS: Isso nunca me aconteceu, jamais retornei a nenhum lugar que fugi.

"Ocasiao", "Daqui a pouco" e "Silêncio": Estes três contos, um é continuaçao do outro e têm os mesmos personagens. Do conto "Silêncio" que saiu o filme do Almodovar. Estes sao os meus preferidos do livro. É uma historia de relaçao mae-filha, Juliet e Penelope.

Na cidade onde ela cresceu, seu tipo de inteligência era muitas vezes colocado na mesma categoria de uma perna manca ou um polegar a mais, e as pessoas logo apontavam as desvantagens que se poderia esperar — a incapacidade dela de operar uma máquina de costura ou de fazer um embrulho bonito, ou de reparar que sua combinação estava aparecendo. O que seria dela, eis a questão. 
Poucas pessoas, muito poucas, possuem um tesouro, e se você possui, precisa cuidar dele. Você não pode se permitir entrar numa cilada, e ter o tesouro levado de você

"Paixao": Uma historia tragica. Grace que teve uma apaixonite aguda pelo irmao "ovelha negra da familia" do seu noivo "certinho".
Ele a levou ao cinema. Viram "O pai da noiva". Grace detestou. Ela detestava garotas que eram como Elizabeth Taylor naquele filme, detestava garotas ricas mimadas de quem nada se esperava além de que fizessem bajulações e exigências. Maury disse que aquilo era para ser só uma comédia, mas ela disse que a questão não era essa. Ela não conseguia explicar qual era. Qualquer um pensaria que era porque ela trabalhava como garçonete e era pobre demais para fazer faculdade, e que se ela quisesse qualquer coisa parecida com aquele casamento ela teria de passar anos poupando para pagar do próprio bolso. (Maury realmente achava isso, e ficava tomado de respeito, quase de reverência.)
Ela não conseguia explicar ou entender muito bem que não era simplesmente ciúme que ela sentia, era raiva. E não por que ela não podia fazer compras nem se vestir daquele jeito. Era porque era assim que se esperava que as garotas fossem. Era isso que os homens — as pessoas, todo mundo — achavam que elas deviam ser. Bonitas, valorizadas, mimadas, egoístas, de miolo mole. Era isso que devia ser uma menina, era por isso que alguém devia se apaixonar. Então ela ia virar mãe e ia ficar toda piegas dedicada aos filhinhos. Não ia mais ser egoísta, só ia ter miolo mole. Para sempre.

"Ofensas": Eileen, Delphine e Lauren. De quem Lauren é filha? Quanta ferida aberta...

O importante na vida, dizia Harry a Lauren, era viver no mundo com interesse. Manter os olhos abertos e enxergar as possibilidades — ver a humanidade — em todas as pessoas que você encontrava. Prestar atenção. Se havia alguma coisa que ele tinha para ensinar a ela, era isso. Prestar atenção.

"Peças": o mal entendido de Robin. Meu segundo conto favorito. Uma enfermeira que gosta das peças de Shakespeare, tem que se deslocar de onde mora para vê-las em outra cidade. A vida real dela vai se confundindo com uma tragicomédia shakespeariana.
Os estrangeiros falavam de um jeito diferente, deixando um pouquinho de espaço entre as palavras, como fazem os atores. 
Shakespeare devia tê-la preparado. Em Shakespeare, os gêmeos são muitas vezes a razão de confusões e desastres. Um meio para o fim, isso é que esses truques deviam ser. E no final os mistérios são resolvidos, as brincadeiras são perdoadas, o verdadeiro amor ou algo assim é reacendido, e aqueles que foram ludibriados têm a elegância de não reclamar.

"Poderes": Aqui temos Tessa que tem o dom da adivinhaçao.


É isso! Com certeza lerei outros livros da autora. A Sarah Polley também esta fazendo um filme adaptado de um conto dela.


Veja também:


Musica para acompanhar a leitura

She's Leaving Home - The Beatles


Wednesday morning at five o'clock as the day begins
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free

She (We gave her most of our lives)
Is leaving (Sacrificed most of our lives)
Home (We gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years (Bye bye)

Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband "Daddy our baby's gone
Why would she treat us so thoughtlessly?
How could she do this to me?"

She (We never thought of ourselves)
Is leaving (Never a thought for ourselves)
Home (We struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years (Bye bye)

Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade

She (What did we do that was wrong)
Is having (We didn't know it was wrong)
Fun (Fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied
For so many years (Bye bye)

She's leaving home
Bye bye

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